De Palavras e Sonhos

quarta-feira, dezembro 15, 2004

O suspiro do mundo (todos o temos)

Eu não sei como começou, apenas me lembro de um cinzento crescente.
Algo no horizonte parecia estar a perder a sua tonalidade, mas eu só pensava que a culpa era dos meus olhos- mal eu sabia que a sua profundidade me abandonava.

O dia continuava e eu lá ia com ele. A dado momento lembro- me que segurava algo de importante com as duas mãos mas sem querer deixei- a cair. Olhei- a... "q brilho, o que será? Será meu?"- pensava eu. Deixei- a para trás sem saber que...
De um lado e doutro as pessoas passavam por mim eu já sentia dificuldade em acompanha- las, ao mesmo tempo que sentia o meu peito pesado e cada vez mais cinzento.
Espreito o horizonte e aquilo que ao início estava ofuscado, aparecia agora a uma distância ainda maior do que o normal.
O dia começava a penetrar- me.

O meu olhar fixava o vazio, não sentia as horas passarem e a noite já tinha chegado.
Eu queria- me mover mas estava tão pesado, até parecia que tinha criado raizes. Quando finalmente sigo rumo a casa, suspiro atrás de suspiro, o céu, o mundo, eu estavamos cinzentos. Ao andar sentia que o mundo não mais precisava de mim para se movimentar.
Este cinzento era tão forte que as palavras que me proferiam eram tão fracas, tão espectrais que nem me chegavam a tocar, coberto estava eu com o meu manto em cinza.
No silêncio da noite e na doçura da almofada, começava a pensar se algum dia isto iria mudar.
Foi então que no dia seguinte, mesmo antes de sair para a rua, reparei que estava alguém à minha porta.
Olhei- o e ele sorriu- me, e por surpresa minha ele trazia aquela coisinha brilhante. Finalmente me lembrei o que tinha deixado para trás no dia anterior... era eu.
Encostei esse brilho ao coração e num paço de magia e expelindo um enorme brilho entrou em mim.
Nunca me senti tão confortavel como naquela altura, sentia- me de novo e com mais vigor.
O horizonte estava de novo em mim e ao meu lado.

O quem não é relevante, apenas importante. E graças a ele reconhecia de novo o meu brilho, reconhecia mais uma vez o que era e o que tinha.... e que sempre tive.
Olá Vida, aqui vou eu....


"Horizontes
Olhando ao longe,
Percebo a minha solidão.
Solidão que nem sempre está presente,
Pois, há muitas pessoas a minha volta.
A noite é minha companheira,
E nela revelo meus segredos.
Poder estar comigo me agrada,
Posso conversar e me ver melhor.
As noites passam... As madrugadas também chegam...
O dia vem radiante todas as manhãs,
E radiante se faz necessário.
É vivendo e caminhando em frente,
Que a solidão se torna um mero estado de espírito.
Olhando o horizonte imenso,
Percebo o quanto intensa pode ser a solidão.
Sofrimento pela solidão,
Faz olhos e mentes deixarem de brilhar.
Ver o Sol e a Lua nos Horizontes,
Refletindo a paixão ou amor.
Essas são as nossas reais razões,
De viver, de adorar, de querer, de ver, de SER" - in http://www.homemdemello.com.br/lazer/poesias/horizontes.html
Délio Melo quarta-feira, dezembro 15, 2004

1 Comments:

Sabendo a musa deste teu texto e lendo-o com calma e em paz, deixei cair uma lágrima, lágrima essa que me lembra o que me dizem "estás diferente".
garanto-te que o julgamento que fizeste não foi o mais adequado, talvez eu ou quem for tenha deixado o "eu" para trás de propósito, talvez o caminho que todos os dias seguia não fosse mais o que podia percorrer, talvez esse amigo que me trouxe o "eu" me tenha sorrido ironicamente no passado, marcando todo o futuro, talvez...

Só eu me conheço, só tu te conheces... quantas vezes não agadecias que te perguntassem como estás antes de dizerem "estás feliz", "estás triste"...

beijos, dani

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