De Palavras e Sonhos

sábado, outubro 03, 2009

Outras palavras outros sonhos

Decidi retomar a escrita em blogues... apenas não neste!

http://outras-palavras-outros-sonhos.blogspot.com


Irei começar em breve e possivelmente será diferente deste - essa é a intenção, pelo menos! Até lá!


Um "obrigado" enorme a todos os que visitarem e comentaram este blog!

Xau!
Délio Melo sábado, outubro 03, 2009 | 2 comments |

quarta-feira, maio 27, 2009

Os anos chegavam ao fim

Um homem caminhava. Caminhava por ruas, vales, montanhas e mares. De um sítio para o outro, de um continente para o outro, de um mundo para o outro e os anos passavam.
Os lugares outrora virgens tinham sido tocados por ele, um a um, até não haver mais nenhum que permanecesse imaculado.

Mais anos passaram e mais homens vieram – perfazendo os mesmos caminhos que o primeiro.
Mas sem mais para onde irem, decidiram parar e fazer a sua vida ali: ali onde sentiram ser a sua casa.
Em breve, o mundo viria a perder os contornos da sua juventude: aberto a tudo e a todos de braços abertos - com vontade.

Os anos chegavam ao fim.
Após sonos perdidos com vozes incessantes, barulhos que aprendeu a desgostar e feridas por sarar, o mundo ansiava pela paz que estava prestes a chegar – esse era o rumo que os homens tinham tomado para si.
E foi mesmo perto do fim, perto da sua última hora, que aqueles homens acordaram para si e perceberam que todo o sofrimento que tinham causado a si próprios, e por efeito, a tudo e todos ao seu redor não era algo de inevitável, mas era fruto de algo com que tinham nascido: liberdade.

Nesse dia o mundo descansou e acordou para um novo dia… um novo dia.
Délio Melo quarta-feira, maio 27, 2009 | 1 comments |

segunda-feira, abril 27, 2009

Voei e sonhei

Eu acho que sonhei…

Nuvens brancas e cinzentas cobriam o céu e a lua ficava lá, lá ao fundo - mas o seu brilho era na mesma intenso. Não vi o meu corpo, mas senti aquela brisa fria a percorrer-me o corpo todo enquanto passava a rasar as nuvens no meu voo. Voei pelo mundo inteiro; Lá de cima vi uma imensidão de coisas pequenas, mas que, mesmo do céu, eram colossais: rios, mares, montanhas, cidades acesas pelas luzes dos prédios e casas… era uma coisa de tirar o fôlego. E por falar em fôlego… acho que não respirei nem uma vez que fosse.

Não havia fim às coisas que via, nem à corrida.

A lua era agora a minha companhia, os meus olhos.
Voei, voei e voei sem fim, sem destino. Não sei ao certo porque ia, nem para onde ia, só me lembro que queria mais: não ir mais depressa, não ver mais coisas… Era aquela sensação de ser como nunca tinha sido, mas sempre tinha sonhado. Por isso a brisa fria não me incomodou; por isso vi tudo e admirei-me com tudo sem nunca ter deixado de olhar para a lua um segundo.
Acho até que não saí da imagem que guardo na cabeça.
Délio Melo segunda-feira, abril 27, 2009 | 1 comments |

sábado, fevereiro 21, 2009

Quando duas realidades são uma só

Abri os olhos… já era de manhã. Pela primeira vez em muito tempo, não tinha que pensar em nada, nem em ninguém. E a pensar nisso continuei, durante um bocado mais, sentado na cama, apoiando-me nos joelhos, a olhar pela enorme janela do meu quarto - por onde aquela luz toda entrava.

Encostei-me nos meus joelhos e agarrando-os, deitei-lhes a minha cabeça por cima e fechei os olhos, relembrando…Lembrava-me do belo sonho que tive, aquele sonho que me fazia sentir em paz: onde existia apenas o meu chão, a luz do sol e uma brisa que chegava até mim exactamente como a queria: quente, frágil e doce… e as palavras que ela me tinha proferido, a lufada de ar que a minha alma precisava para continuar a arder – como as cinzas ainda incandescentes, eu estava pronto para sentir.

Ali estava eu… e ela… algo belo que aguardava acordar para mim, só para mim, a olhar infinitamente para mim e ver cá dentro apenas o seu reflexo, banhado pela luz do sol e por uma brisa quente, frágil… doce… como a sempre quis.

O silêncio do calmo bater do meu coração era a única coisa que ouvia…
Délio Melo sábado, fevereiro 21, 2009 | 0 comments |

sábado, janeiro 17, 2009

Entre a luz e a sombra

Um dia levei o sol comigo num passeio pela vida.
Eu nunca tinha ido lá. Não sabia o que esperar.

Durante o caminho reparei em algo do meu lado. Era uma sombra: um espaço com a minha figura que escurecera e não me deixava mais ver o local onde caía.Pedi ao sol que se pusesse do meu outro lado para ver o que a sombra tapava. Mas ela fugiu para onde estava antes o sol.Pedi novamente ao sol para vir para o seu lugar para destapar aquilo que a sombra tapou. Mas novamente ela veio-se colocar ao meu lado, oposta ao sol.Tentei eu fugir da sombra. Corri e corri, mas não consegui fazer com que ela me largasse.

Percebi, então, que nunca ia conseguir ver tudo o que existia na vida; que para três quartos de luz, iria existir sempre um outro quarto de escuridão e que por mais que tentasse deixá-la para trás correndo com toda a rapidez e desejo, ela continuaria sempre junto de mim.

E mais do que perceber, apercebi-me do tempo que tinha perdido na vida a pensar na sombra, e com o caminho que já tinha percorrido, senti que ainda mais coisas tinham ficado por ver na vida – e desta vez, a culpa era minha.
Délio Melo sábado, janeiro 17, 2009 | 2 comments |

segunda-feira, outubro 13, 2008

Anamnése

Desde há muito que guardo bocados de imagens ou frases na minha cabeça. Coisas que surgiram do nada e que não consigo compreender o que são.
Numa imagem, num pequeno espaço, vejo um chão esbranquiçado. Do céu (que não chego a ver), vem um largo raio de luz que toca o chão, iluminando levemente o espaço à sua volta. E logo ao seu lado está uma enorme anta.

Há meses que tento dar um significado a esta imagem… mas não consigo perceber o que cada coisa significa por si.
Houve vezes em que em vez da luz vi uma escada rolante ascendente e em vez da anta, um rochedo – como um menir.Sempre pensei se não seriam símbolos de um fim e de um início. E porque mudaram as suas formas iniciais? Se são símbolos, será que com o tempo fui perdendo clareza de espírito sobre o meu mundo? Eu perdi uma forma na luz e ganhei uma em forma de morte.
Talvez seja isso; talvez tenha perdido um pouco de noção das coisas. Para dizer a verdade, já não encontro em mim a paz ou o amor de outros tempos. Agora tudo parece mais difícil combater: as invejas, os ódios, as tentações. A luta pelo bem em mim ficou mais dura com o passar dos anos – sinto-me um pouco cansado e já não reajo com a calma e paciência, como antes. Às vezes dou por mim a dizer, ou até pensar, coisas que sempre tentei não ter na minha cabeça ou no meu coração.
Como é que antes parecia tão fácil dizer que não, e agora…

Será que cedi demais e agora estou a pagar por isso? Se é, acho que o estou a saber a tempo de ainda poder mudar-me. Apesar de tudo, eu ainda vejo a luz que eu sei que vem do céu! E mesmo tendo lá a anta, o que me interessa é realmente essa kuz.E houve algo que nunca esqueci: sempre senti que pertencia àquele lugar, a subir por aquela luz acima.
Délio Melo segunda-feira, outubro 13, 2008 | 0 comments |

domingo, setembro 21, 2008

Unidos para sempre

Abri os olhos… já era de manhã.Não tinha que pensar em nada, nem em ninguém. E a pensar nisso continuei, durante um bocado mais, sentado na cama, apoiando-me nos braços, a olhar pela enorme janela do meu quarto, por onde aquela luz toda entrava. Lembrava-me do belo sonho que tive, onde me senti em paz: onde existia apenas o meu chão, a luz do sol e uma brisa que chegava até mim exactamente como o queria: quente, frágil e doce.

Encostei-me aos meus joelhos e agarrando-os, deitei-lhes a minha cabeça por cima e fechei os olhos, relembrando.O silêncio do bater do meu coração era a única coisa que eu ouvia. E as palavras que ela me tinha proferido, a lufada de ar que a minha alma precisava para continuar a arder – como as cinzas ainda incandescentes, eu estava pronto.

Ali estava eu… e ela… algo belo que aguardava acordar para mim, só para mim, e olhar infinitamente para mim e ver cá dentro apenas o seu reflexo, banhado pela luz do sol e por uma brisa quente, frágil… doce… como a sempre quis.
Délio Melo domingo, setembro 21, 2008 | 0 comments |