De Palavras e Sonhos

quarta-feira, junho 20, 2007

Ao amor sempre sorri... mas agoro choro.

Foi até eu que prometi...

O meu corpo já se começa a ressentir do cansaço mas não posso parar agora. Mas para onde vou mesmo? Com ela às costas eu vou para onde ela quiser ir – para onde o sol se estiver a pôr.

Eu ouço-a a ofegar. O coração dela deve estar a doer-lhe outra vez (e a dor dela está a dar cabo de mim). Mas a ideia de que o seu coração fraco a vai levar para longe de mim e ao seu sorriso, o olhar que ela me dava... faz-me respirar o mais fundo possível para não a deixar ver-me a chorar.
Acho que encontrei o sítio certo para pararmos. O sol está quase a por-se, por isso é melhor ficarmos aqui.

A esta hora o frio começa a fazer-se sentir. Dou-lhe o meu casaco e deito-a no chão para que o vento lhe toque o minímo possível - ela está tão frágil...
Ela pergunta-me se eu acredito no destino. Que lhe hei-de responder? Não sei se sim ou se não. Mas o nosso amor não pode ter sido acidental...
Um último e delapidante beijo eu lhe dei – e o sol ficou para trás de nós. Nunca nos tinhamos beijado assim. Tanto amor... não, não é por sentimento de perda, é amor mesmo – e dor.

Ela quis-se levantar mas os seus olhos mostraram-me uma dor... um sentir de que chegara a hora; os nossos últimos segundos.
Não sei como mas sem pensar o meu corpo agarrou-a como que por instincto.
Com ela nos braços prometeu-me que me iria amar para sempre – oh não, as minhas lágrimas... – que nunca queria que me sentisse sozinho ou triste.
Naquele momento, sentia o desespero a nascer como se um fogo lento me começasse a queimar e eu o sentisse (a crescer) cada segundo que passava.

Tinha chegado o fim; o seu último fôlego.
Com a cabeça inclinada para trás, e um braço caído, eu sabia a causa de um vazio em mim.
Os olhos dela estavam fechados. Não queria acreditar em algo que nem sequer conseguia conceber.

O meu amor morreu.


- Sinto tanto a tua falta... por favor, volta.
Délio Melo quarta-feira, junho 20, 2007 | 2 comments |

quinta-feira, junho 07, 2007

O que eu vejo...

De vez em quando os meus olhos mostram-me coisas que eu nunca tinha visto em coisas que conheço há anos.
O que é?
Nem eu sei explicar a mim próprio. Não sei se ganho temporariamente conciência daquele específico sítio ou algo, ou se os meus olhos imaginam esse algo como que ganhando uma vida própria.

Embora confuso, não deixa de ser... especial. É como se aquilo que me prende a vista fosse em si um algo aparte - algo não deste existir? Pelo menos é assim que me apetece, agora, vê-lo.

Ou simplesmente é em toda a sua beleza e importância, como o primeiro olhar apaixonado por uma cara não tão diferente de todas as outras.
Mas também, não é por isso que deixa de ter aquele “algo” especial que nos apanha e nos leva para onde quer que vá.

O que é que mudou tão de repente?
Délio Melo quinta-feira, junho 07, 2007 | 2 comments |