De Palavras e Sonhos

segunda-feira, dezembro 24, 2007

Três céus - Fim

Fim:


Passaram-se quatro anos desde aquele Verão.


Todos os Verões penso nela. Deve ser por isso que todos os anos alugo novamente este andar. E não sou o único: a Sara também vem todos os anos, assim como a Tiaga. Estranho como sempre que passo por casa dela lembro-me da Joana.Depois dela se ter ido embora ainda consegui a morada dela e começamo-nos a escrever… mas nem isso durou muito. Com o passar do tempo as cartas vinham com um intervalo de tempo cada vez maior, até que nos deixamos de escrever vão já dois anos.Às vezes pergunto-me para onde foi tudo o que sentia por ela e se realmente gostei tanto dela quanto me lembro. É complicado… às vezes penso uma coisa, outras vezes penso outra… a verdade é que sinto falta dela. E no funfo, no fundo, tenho que admitir que há uma reacção em mim sempre que penso nela.

Hoje recebi um telefonema inesperado pela manhã. A Tiaga disse que queria falar comigo ainda hoje. Não disse o que era, apenas para estar na entrada da praia lá pelas 6:30, que me queria mostrar uma coisa. E antes que pudesse dizer sequer um “olá”, ela desligou o telefone.Quase que não falávamos direito e de repente telefona-me? Enfim.

Apesar de serem 6:30 ainda o calor ainda estava bem “presente”.Sentei-me em cima de um banco de pedra e fiquei à espera. Passaram-se dez, quinze minutos e nada dela. “A rapariga deve-se ter esquecido das horas.” – Murmurava.Enquanto ela ficava de aparecer, pude ver o sol a cair por detrás de uma colina.
Era de facto uma “imagem” linda com aquele doce calor, um vento suave e o resto das conversas que sobravam das pessoas que iam deixando a praia. De repente ouvi uma voz que me parecia chamar. Virei-me para o lado esquerdo... era a Tiaga.“Desculpa ter demorado tanto tempo mas estava difícil convencer uma certa pessoa a vir.” Depois de dizer isso calou-se e olhou-me por cima do ombro esboçando um sorriso.“Alguém a vir?” – pensei. O que é que ela quis dizer com aquilo? Mas aquele olhar dela... Virei-me depressa e vi-a…
O meu coração disparou mal o meu olhar a encontrou. Coberta pelo vermelho e laranja do pôr-do-sol, como da primeira vez em que me senti a apaixonar, lá estava ela: O cabelo, mais longo, preso por uma bandelete, roçava-lhe nos ombros para cá e para lá com o vento, assim como a bela saia que usava balanceava com o vento. Ao olhar para ela reparei como o tempo a tinha posto ainda mais bela do que já era. E com as mãos dadas atrás das costas sorria para mim.
Em apenas um segundo, quatro anos desapareceram sem deixar rasto e eu sorria como se ela nunca tivesse ido embora, como se nunca me tivesse deixado naquela manhã!

“Joana…”.

Délio Melo segunda-feira, dezembro 24, 2007 | 1 comments |

Boas festas!

Um Santo Natal a todos e que 2008 seja tudo aquilo que desejam!
Que muita alegria, paz, felicidade, prendas e coisinhas boas, preencha o vosso dia de Natal!

Sinceramente,
Délio Melo!
Délio Melo segunda-feira, dezembro 24, 2007 | 0 comments |

sexta-feira, dezembro 21, 2007

Três céus - XIII

Ele:

Estava a ter um sono maravilhoso e como costume acordei na melhor parte… e ela não estava na cama?
Ainda a dormir olhei para a cama novamente e para todo o lado no quarto, mas não estava lá.
“Joana!?” – chamei-a em voz alta mas não tive resposta. Secalhar estaria na casa de banho.
Levantei-me e reparei que estava um bocado de papel junto do espelho da cómoda. Quando o vi senti que alguma coisa estava mal ali. Antes de pegar no papel apercebi-me que a roupa dela também não estava no quarto.
Corri para o papel para o ler. “Desculpa… Amo-te, Joana!” – era tudo o que lá estava escrito.
Fiquei extático depois de ler aquilo. Fiquei confuso, mas ainda mais, comecei a ficar desesperado quando pensei que não a ia ver mais.

Peguei no telemóvel a correr e enquanto me vestia tentei telefonar-lhe (sei lá quantas vezes), mas o telemóvel estava sempre desligado.
“Eu não acredito nisto.” – Era a única coisa que me saía.
Assim que me vesti sai a correr para casa dela (até parecia voar). Quando lá cheguei estava mesmo alguém a sair. Segurei a porta – nem agradeci, nem nada – desatei a correr por lá acima - até engolia escadas com as passadas que dava.
À porta, toquei, toquei e voltei a tocar, mas mais uma vez ninguém me atendia. Quando desisti de bater a porta lembrei-me que a amiga dela morava mesmo por cima dela. Sai a correr outra vez.
Devo ter tocado tanto à porta de seguida que ela veio à porta quase aos berros, mas viu que era eu e calou-se com um olhar estranho. “A Joana já não está em casa pois não?” – disse-me num tom ténue.
Quando ela me perguntou aquilo daquela maneira eu vi que ela sabia de algo.
“Onde é que ela está?” – perguntei-lhe. Mas ao invés de me responder mandou-me entrar.
“A Joana disse-te que tinha estado aqui antes de ir ter contigo ontem?” – perguntou.
Por acaso não me tinha dito nada… “Não, não disse. Mas porquê?”.
“É que ela ontem veio aqui quase a chorar.”
“A chorar?! Mas porquê?” – perguntei espantado.
“Eu suponho que ela te tenha dito o quanto gostava de ti – sabe-se lá quantas vezes – mas de certeza que nunca te disse o quão, ou porquê, tu eras tão especial para ela, pois não?”
Nunca tinha pensado que haveria uma razão especial por detrás do que ela sentia, mas pelos vistos havia uma. Naquele momento senti-me mal por nunca ter notado algo de estranho ou por não ter perguntado mais sobre o passado dela. “Pensei que ela gostava de mim porque…gostava de mim.”
“E ela gostava muito de ti, mais do que imaginas. Mas esse não era o único sentimento que ela tinha dentro dela. O facto é que ela era muito insegura, principalmente no amor. Depois do que ela sofreu acho que qualquer pessoa modificava um bocado. Ela teve uma pessoa de quem gostou mesmo muito, até parecia que respirava aquele rapaz para viver – devia ter para ai uns 16 anos na altura –, só que ele não estava interessado nela. Vê-la a sofrer todos os dias por causa dele causava-nos tanta tristeza que até nos apetecia chorar às vezes. Ver aquele olhar dela tão distante… Mas o pior é que nessa mesma altura o pai dela acabou por deixar a mãe – deixou de gostar dela pelos vistos.
Imagina uma rapariga como ela a sofrer na escola e em casa com a mãe.
Eu não sei como é que ela aguentou aquilo tudo… eu não se eu aguentava, se fosse comigo.”
Ouvir aquilo tudo fez-me sentir ciúmes, tristeza… já não sabia como sentir com aquilo tudo que ela me estava a contar.
E continuou: “Tu acabaste por ser a primeira pessoa de quem ela gostou desde os 16 e já lá vão… quatro anos! Quando nós descobrimos isso – nós, as amigas – ficamos surpreendidas por vê-la a gostar de alguém novamente. E nós ficamos felizes por ela, só que… a verdade é que ficamos com receio que ela agora voltasse a sofrer novamente. Mas também não queríamos interferir. Isso só a ia fazer relembrar do passado, por isso decidimo-nos calar e deixa-la ser feliz. Ainda pensamos falar contigo para te dizermos para não a magoares, mas quando vimos o quanto tu gostavas dela, achamos que mais valia deixar correr as coisas e esperar que tudo acabasse bem…
Por isso quando ela veio aqui ontem apanhou-me de surpresa. Não estava à espera de a ver chorar. Até pensei que vocês se tinham zangado e ela tinha ficado assim... antes fosse isso!” – exclamou.
“Que é que queres dizer com isso?” – perguntei.
“Ela estava assim porque vocês se vão separar em breve e…”
“”E” o quê?” – perguntei, já levantando a voz.
Ela olhou para mim com um olhar imensamente triste e disse: “ela estava a chorar porque a mãe lhe telefonou a confirmar que sempre iam viver para fora. Por isso é que ela ficou assim. Ela estava com esperanças que a mãe não aceitasse ir por causa do trabalho mas… não houve outra solução e agora ela tem que ir.
Pela tua reacção estou a ver que ela não te disse nada para não se magoar mais a ela, nem a ti…” – e antes dela acabar a frase interrompi-a, dizendo para mim mesmo em voz alta: “Por isso é que ela chorou ontem na varanda quando lhe disse aquilo.”
Ali, percebi porque ela se tinha comovido na noite anterior e percebi porque não quis despedidas.
“Ela chorou ontem quando estava contigo?” – perguntou admirada.
“Sim. Nós estávamos na varanda e eu comecei-lhe a dizer o que sentia por ela e ela acabou por chorar ainda durante um bocado. Eu fiquei tão sem reacção na altura que apenas a abracei.”
Durante uns segundos nenhum de nós falou: eu estava demasiado pensativo para dizer fosse o que fosse, enquanto que ela parecia estar à espera que eu dissesse algo.
“Tu percebeste porque ela não se despediu, não percebeste? – perguntou.
Apenas abanei a cabeça como sinal que tinha percebido.
“Não deixando que houvesse uma despedida e não te contando que secalhar nunca mais se iam ver não lhe trouxe só tristezas, sabes. Deste modo ela pôde estar contigo na maneira mais pura que podia: feliz.”
Ela tinha razão mas…
“Se eu soubesse podia ter feito as coisas doutra maneira, podia ter tentado fazê-la ficar cá.” – disse em desabafo.
“Porque é que achas que ela veio sozinha? Ela no fundo já sabia. Por isso pediu à mãe para vir sozinha para estar o máximo de tempo connosco. Assim, caso ela fosse mesmo embora, tinha gozado ao máximo o tempo connosco.
Ela não contava era ter-se apaixonado por ti.”
Os meus olhos abriram-se em dor quando olhei para ela depois de ter dito aquilo e as lágrimas vieram-me aos olhos.
Ela tinha ido embora e não havia nada que eu pudesse fazer.
“Espera aqui um segundo” - levantou-se e foi ao quarto. Quando veio trazia uma carta na mão. “Hoje de manhã ouvi tocar à porta, mas quando fui à porta já estava isto passado pela frincha da porta. Ainda abri a porta mas… Como podes ver, com o teu nome.
Não percebi muito bem porque estava aqui uma carta dela e não ela. mas agora já percebi.”
Fiquei com a carta dela na mão um bocado mas não tive coragem de a abrir – agora era eu que tinha medo de despedidas, medo que ela se despedisse.
Sai de casa dela e fui para casa.
Durante o caminho senti-me tão estranho naquele lugar. Era um bando de gente totalmente estranha para mim; prédios, ruas e carros que já não me diziam nada e que pareciam ter perdido lugar até no meu senso comum.
Pela primeira vez na vida senti-me… só.

Quando cheguei a casa não sabia o que fazer: lia a carta e ia atrás dela ou simplesmente arrumava as coisas e ia-me embora? “O que é me vai acontecer?” – perguntava-me.
Ganhei coragem e abri a carta…

“Amo-te!” – era tudo o que estava escrito.
Nunca tive tanta vontade de chorar como naquela altura. Chorei até perder a voz e a vista, naquela manhã.

Délio Melo sexta-feira, dezembro 21, 2007 | 9 comments |

quinta-feira, dezembro 20, 2007

Três céus - XII

Ele:

Caramba… duas semanas tinham passado a correr – e só tinha mais o dia de hoje e o de sábado para estar com ela.
Eu tinha que lhe preparar alguma coisa em especial. Sabe-se lá quando é que nos íamos voltar a ver. Vivermos em sítios diferentes não ajudava em nada, mesmo nada.
De início, quando ainda pensava em ter algo com ela ou até quando realmente começamos algo, a separação não me passava pela cabeça… mas agora, a ideia de me separar dela fazia-me suspirar de tristeza cada vez que pensava nisso. E embora 99,9% de mim dissesse que não queria saber disso ou do quanto iria doer muito em breve, aquele 0,1% começava a ganhar voz.
A ideia de dor e de não saber quando é que voltaria a vê-la ou até falar com ela (já não pedia mais, apenas vê-la já me deixaria feliz) … duvido que alguém não ficasse com lágrimas nos olhos por causa desta situação.

Independentemente de como as coisas iriam ser daqui para a frente, o que importava era que ainda estava com ela. E isso era razão para ficar feliz.

Mas fazer-lhe o quê… e se….
Ao almoço iria falar-lhe disso. Só que durante o almoço estava a custar tirar as palavras cá para fora. E por causa disso, acabou-me por sair tudo menos o que tinha pensado em dizer: “O que é que queres fazer para despedida?”.
Levantou logo a cara e olhou-me nos olhos fixamente. Vi que aquela pergunta não lhe tinha caído bem: ficou surpresa de início, mas depois só restou um olhar triste.
Sem me responder logo, desviou-me o olhar e passado uns segundos olhou-me novamente “Já começaste a pensar nisso também?” – perguntou.
Depois de ouvi-la a dizer aquilo daquela maneira, fui eu que fiquei triste. “Não fiques assim.” – Disse-lhe. Pausei um momento à procura do que lhe dizer e continuei: “Claro que tenho pensado nisso, especialmente nestes últimos dias. E não é algo que me agrade… mesmo nada até. Especialmente tendo em conta que não sei quando te poderei ver outra vez.” – a conversa já me começava era a deixar com um nó na barriga…
“Queres fazer alguma coisa especial amanhã à noite? Eu já tinha pensado em algo, mas se tiveres algo que queiras fazer, diz.” – Perguntei novamente.
“Eu só queria passar a noite contigo… hoje! Vai ser a primeira vez que vamos dormir juntos… na mesma cama. Ainda que seja só dormir, isso vai ser muito especial para mim e se o fizer só como despedida vai-me magoar muito.” – Respondeu-me olhando-me com ternura nos olhos.
Não estava à espera de ouvir aquilo…“Se é isso que tu queres, está bem!” – disse-lhe.

Tinha que tratar de lhe tornar a noite de hoje especial.

Estive das 7 às 8 horas a preparar-lhe um jantar feito totalmente por mim, com direito a mesa com velas – ainda que à hora que íamos jantar ainda ia estar sol, esperava que ela gostasse.

Para mim cozinhar não tinha sido mais do que grelhar uns bifes ou fazer arroz (sempre sem sal), felizmente isto tinha arranjo: nada que um telefonema à mãezinha, para saber como preparar uma refeição especial, não resolvesse!
Quando viu a mesa toda posta com a comida e velas… só posso dizer que ficou feliz! Disso tenho certeza!
Como sabia que ela adorava praia, pus a mesa junto da varanda – e sim, com as velas acesas – para poder ter como imagem de fundo o oceano. Riu-se da cena mas disse que tinha adorado a surpresa, até o facto de ter as velas acesas àquela hora do dia.

Tudo parecia estar perfeito: o jantar saiu como devia sair e ambos estávamos calmos e relaxados o suficiente para não deixar que a noite se tornasse uma despedida - e o jantar à beira da varanda com aquele horizonte enorme à nossa frente, parecia fazer com que o céu fosse só para nós.

Depois de um prolongado jantar com muitos risos e conversa, levantamos a mesa e sentamo-nos na varanda.
Com o entrar da noite o céu perdia o brilho do sol e começou a dividir-se em três bocados, cada qual com a sua textura e cor.
Sentado ao lado dela, dei-lhe a mão e disse-lhe: “Estás a ver como o céu tem hoje três cores?”
“Fica muito bonito assim!” – respondeu enquanto os explorava com olhos.
“Não sabias mas tem um significado.” Ficou a olhar para mim com ar de espantada, talvez porque não o tinha dito com um sorriso na cara, como da primeira vez.
“Aqueles três bocados têm um significado especial para mim… para nós. O bocado mais escuro – longe do sol – foi antes de te conhecer: uma altura onde amor rimou com dor. O bocado do meio, onde a luz espreita, foi no dia em que te conheci, onde me fizeste sentir algo que sempre desejei encontrar dentro de mim. Junto do sol, onde tudo brilha… para mim, é igual ao nosso namoro. Não me interessa que tenham sido só duas semanas contigo. Eu amo-te e isso é tudo o que me importa! Contigo eu sinto-me feliz como nunca imaginei.
Mas o sol é que é agora o mais importante para mim: o nosso futuro - que eu desejo que seja tão brilhante quanto aquela estrela. Não me interessa que mores longe de mim – ainda há a possibilidade de vires estudar para o Porto – eu hei-de ir ter contigo sempre que puder.”
Olhei-a nos olhos e disse-lhe da maneira mais sincera e sentida que podia: “Eu amo-te.” Descansei o queixo por cima dos braços cruzados em cima dos olhos, respirei fundo e sorri-lhe.
Quando ela não reagiu às minhas palavras assustei-me. Pensei que era o único que estava a sentir aquele momento. Secalhar mais do que assustado, o mais justo será dizer que fiquei espantado… estava à espera que ela fizesse algo, fosse o que fosse…chorasse, sorrisse… mas não, apenas me olhava sem esboçar uma reacção.

Foi quando uma lágrima lhe caiu do rosto, e depois outra…e outra.
“Será que ela gosta assim tanto de mim?” – pensei para mim.
Abracei-a. E ali, no chão, ficamos sentados sem dizermos uma única palavra um ao outro durante minutos e mais minutos.

Eu nunca imaginei que fosse reagir assim. O facto de ela reagir assim deixou-me, no mínimo… eu nem sei dizer. Não estava à espera.

A noite caiu e por baixo dela, soterrado, ficava aquele momento de súbita tristeza.
Esta não seria esta a nossa última noite juntos mas sabia a tal. Não sei bem explicar por quê, mas fiquei com esse sentimento mal entramos os dois no quarto. Apesar de falarmos e de nos beijarmos como se estivéssemos no dia de ontem, algum desse “pressentimento” incorporou muitos dos meus olhares até cair no sono.
Mas ela estava normal, por isso não podia ser eu a estragar o momento e tentei aproveitar ao máximo aqueles últimas memórias que iríamos criar naquele quarto, naquele Verão.


Ela:


Como ontem, o dia parecia ter começado bem, mas ao almoço tudo mudou com apenas uma pergunta: “O que é que queres fazer para despedida?” - logo o que eu não queria ouvir da boca dele…
A pergunta apanhou-me de surpresa. Como é que haveria de reagir a um assunto que tentei evitar tocar durante a semana que passava? - Em um segundo perdi toda a vontade de falar…
Depois perguntou-me o que queria fazer no sábado à noite, como despedida. Respondi-lhe com o coração: queria passar a noite com ele. Mas não ia aguentar faze-lo como despedida, por isso pedi-lhe para ser ainda naquele dia.

À tarde saiu mais cedo de minha casa e pediu-me para ir ter a casa dele às 8-8:15 porque tinha uma surpresa para mim.

Quando ele saiu fiquei quieta no sofá a pensar. Pensei vezes sem conta como seria dali para a frente… sem ele, o único que me fez feliz. E então, a minha mente encheu-se de pensamentos e mais pensamentos que se misturaram com passadas tristezas e acabei por começar a chorar, sozinha.
Pensava se iria conseguir levar isto até ao fim. A ideia de um sofrimento futuro sempre me atormentou e encheu-me de medo. Vezes sem conta lhe resisti apesar do sofrimento, mas nada me doeu tanto como a ideia de me despedir dele. Como é que a única coisa que me fez feliz ia desaparecer em breve…

Cheguei a casa dele à hora que me pediu.
A surpresa que me preparou foi a melhor coisa que me poderia ter acontecido: ele próprio preparou o jantar e montou uma mesinha com uma toalha vermelha e velas acesas junto da varanda, para eu poder ver o oceano enquanto comia – “eu juro que o amo…” – pensei para mim.
As velas acesas fizeram-me rir mal as vi.
Com tanto carinho foi fácil ficar novamente feliz.

Depois do jantar sentamo-nos no chão da varanda dele e ficamos a falar e a ver o pôr-do-sol - De casa dele é que se tinha uma vista bem bonita.
De repente deu-me a mão, olhou para mim de uma maneira… e disse-me: “Estás a ver como o céu tem hoje três cores?”
Realmente, ficava muito bonito.
Mas havia algo mais: “Não sabias mas tem um significado.”
“O bocado mais escuro – longe do sol – foi antes de te conhecer: uma altura onde amor rimou com dor. O bocado do meio, onde a luz espreita, foi no dia em que te conheci, onde me fizeste sentir algo que sempre desejei encontrar dentro de mim. Junto do sol, onde tudo brilha… para mim, é igual ao nosso namoro. Não me interessa que tenham sido só duas semanas contigo. Eu amo-te e isso é tudo o que me importa! Contigo eu sinto-me feliz como nunca imaginei.
Mas o sol é que é agora o mais importante para mim: o nosso futuro - que eu desejo que seja tão brilhante quanto aquela estrela. Não me interessa que mores longe de mim – ainda há a possibilidade de vires estudar para o Porto – eu hei-de ir ter contigo sempre que puder.
Quando disse aquilo parecia que me tinha esquecido de respirar. Fiquei a olhar para ele a sentir cada palavra que ele me disse.
E quando ele me disse “Eu amo-te”… o meu coração disparou.
“Eu hei-de ir ter contigo sempre que puder.” – Aquelas palavras eram tudo o que queria ter ouvido, mais do que amo-te. Eu só o queria…
Aquela frase trouxe à tona tudo o que tinha chorado de tarde, e outra vez, chorei. Mais, quando me abraçou.
Ainda ficamos naquela situação um bocado mas depois ele começou-me a tentar animar e ai a tristeza foi passando - agora era eu que via os três céus…

Quando o frio começou a fazer tremer já a noite se tinha levantado à muito. Comecei a sentir novamente aquele nervoso miudinho quando caminhávamos para o quarto dele. Até parecia que ia ser hoje a “primeira vez”.
A janela no quarto dele apontava também as vistas para o mar. Disse-me para dormir do lado da janela para poder ver o luar a reflectir na água do mar.
Era uma imagem muito bonita, e sem nada pela frente que obstruísse a vista, ali fiquei vidrada, já ele dormia há muito.
Aquele silêncio passou rapidamente de prazer e deleito a tristeza, ao pensar em como iria agir amanhã.
Eu não queria passar por um “último dia juntos” nem “despedidas”; não queria vivê-lo a pensar nisso… não queria mesmo. Era demais para mim… Então decidi.
Délio Melo quinta-feira, dezembro 20, 2007 | 0 comments |

quarta-feira, dezembro 19, 2007

Três céus - XI

Ele:
Sai cedo e fui para a praia... sozinho. A Sara disse-me que ia chegar mais tarde porque uma amiga dela precisava de falar com ela, mas que depois vinham juntas ter comigo.

Como seria de esperar, àquela hora ainda pouca gente tinha chegado (o costume). Ou havia gente muito dorminhoca ou eu é que me tinha levantado cedo demais
A água estava quentinha, mesmo àquela hora.
Andava quanto queria pelo mar adentro e mesmo assim a água não me passava da cinta. Isso lembrava-me sempre das vezes que fui com os meus pais para Manta Rota, também no Algarve.
Era um local pequeno, muito sossegado (ainda que cheio de turistas)... Parecia uma aldeia.

Eu nem precisei de mais nada: deixei-me cair para trás e ali fiquei a boiar naquela água quente. Com o sono ainda não totalmente afastado, aquilo estava-me mesmo a saber bem! E enquanto a Sara não chegava não ia sair dali por nada.
De repente ouvi alguém a falar comigo: “Olá!”. “É ela” – pensei eu. Abri os olhos e levantei-me imediatamente pronto para acordar os lábios, quando…
“Não é ela.” – foi a primeira coisa que me veio à cabeça.
Quem era esta rapariga?

Chamava-se Sara e tinha 19 anos.
Nunca tinha visto rapariga tão bonita! Não era daquelas que pareciam manequins, era simplesmente linda: morena, de cabelo castanho claro, ondulado a cair pelos ombros e uns lindos olhos esverdeados (a condizer com o biquíni) – e um colar muito bonito ao pescoço – e estava a sorrir para mim!
Se num momento me tirou o fôlego, noutro tanto me encheu de dúvidas.
Durante a nossa conversa acabei por saber que morava na porta ao lado da minha – caramba, que coincidência! Tinha vindo passar férias com os pais.
Já me tinha visto a sair e a entrar várias vezes e como me viu aqui sozinho veio falar comigo.

Da água fomos para a minha toalha – onde ela depois esticou a dela – e continuamos a falar.
Normalmente iam de carro para uma praia mais longe para ir ter com os tios que também lá passavam férias, mas como o pé do pai começou a doer de mais (ele tinha um problema de saúde) decidiram eles vir cá ter.
E já que eles vinham para cá, mas mais tarde, ela veio à frente para passar mais tempo na praia. – Pela maneira como falou parecia que quem lhe tirasse a praia, tirava-lhe tudo.
Quando chegou e me viu, e visto que éramos vizinhos, decidiu vir falar comigo. “Eu também não conheço aqui ninguém e não, e como também os meus tios não me deram um priminho ou dois… Não te importas pois não… de falar contigo assim do nada…” – Disse-me mostrando um olhar já meio envergonhado.
“Claro que não, estás à vontade!” – respondi-lhe. Será que deveria ter falado na Sara? Mas também, falar nela assim do nada pareceria que estaria a percebe-la mal… Fosse como fosse, ela também iria chegar em breve e aí ficavam-se a conhecer.

Apesar de, enquanto falava com a Sara, estar sempre a ver se a via chegar, acabou por me apanhar de surpresa.
Ao menos não percebeu mal as coisas. Ao chegar até estava com uma cara simpática… eu é que já não sei se ficava tão à vontade quanto ela. Não que seja ciumento ou coisa do género. Quem se calou pouco a pouco foi a Joana – terá sido vergonha?
Se foi, também não teve muito tempo para a perder. Passado um bocado os pais dela e os tios já estavam também a chegar, por isso foi ter com eles.
Mas antes de ir ainda me chamou à parte para pedir o meu número de telemóvel.
“Que é que ela queria?” – perguntou-me a Sara quando voltei para a toalha.
“Queria o meu número de telemóvel.” – Respondi-lhe.
“E deste-lho?” – Quando ela perguntou isto fiquei com a impressão de que secalhar preferia que não tivesse dado o número.
Um bocado hesitante, acabei por dizer que sim. Ela depois olhou para mim durante uns segundos e acabou por não dizer nada.
Foi aqui que pensei: “pronto, já fiz asneira!”
“Fiz mal?” – perguntei-lhe rapidamente.
“Não, não há problema…” – respondeu-me sorrindo. Mas eu senti que embora não houvesse problema, isso ainda a incomodava um bocado. E acho que tive razão, porque acabou por estar um bocadinho diferente quando soube que lhe tinha dado o número.

Depois do almoço, quando estávamos a ver televisão, perguntei-lhe outra vez se estava tudo bem.
“Ehh… não é que esteja chateada… é que não estava à espera, percebes? Ainda por cima ainda agora a conheceste, também… Mas deixa para lá, ela até parecia simpática.” – Respondeu.
“E é. E também só veio falar comigo porque não conhece cá ninguém.” – Disse-lhe.
“Foi? Isso é um bocado chato. Se quiseres, podes convida-la para vir connosco para a praia.”
Com isto percebi que ela realmente estava à vontade com a Sara. “Está bem, eu depois convido-a para vir ter connosco amanhã.”

Como (bom) costume, passamos a maior parte da tarde juntos. Só não ficamos mais porque depois fomos para a praia ter com as amigas dela.
Soube-me bem esta tarde. Pensei por momentos que a tinha magoado ou chateado, mas saber que não, foi uma óptima sensação de alívio!
Tudo o que quero é fazê-la feliz. Sei que um dia isso vai acontecer mas… quanto mais tarde melhor!

Ela:
Depois de uma tarde como a de ontem custou-me ter que ir ter com uma amiga minha logo pela manhã – quando o que queria era ir logo ter com ele…
Só que ela estava com problemas com o namorado e isso não dá para ignorar.
Ele nunca tinha deixado de querer conhecer outras pessoas mesmo estando a namorar e isso só a deixava triste. O pior foi quando ele lhe disse que já não sabia o que sentia por ela, pelos vistos estava também a gostar de uma das “novas” amigas – pelo menos foi essa a ideia com que eu fiquei.
“Se eu lhe tivesse dito que ficava magoada quando ele fazia isso…” – desabafou.
Fiquei mesmo com pena dela… mas não a podia deixar ficar a lamentar-se e a por as culpas nela própria injustamente.
Antes que a coisa ficasse pior, peguei nela e levei-a para a praia comigo. Custou a convence-la mas lá consegui.

Quando chegamos à praia foi a minha vez de ser surpreendida. Devo ter feito uma cara tão esquisita que a Patrícia (a rapariga com quem vinha), que vinha tão calada, começou logo a tentar desviar-me a atenção.
Estávamos nós a chegar à praia e ele com uma rapariga super jeitosa do lado dele, a conversarem…
Fiquei tão surpresa que até disse em voz alta, sem dar conta: “Quem é aquela rapariga?“
Secalhar é só uma amiga dele. Não te preocupes!” – respondeu a Patrícia.
“Amiga… mas ele disse-me que não conhecia aqui ninguém.” – Respondi.
Quando chegamos à beira dele sorri-lhe… também, não havia de ser nada.
Chamava-se Joana…
Não percebi bem porquê mas pouco depois de chegar ela foi-se embora. Tenho que admitir que achei àquilo um bocado estranho, especialmente quando antes de ir embora o chamou à parte para pedir o telemóvel.
Quando ele me disse que o tinha dado acabei por me sentir um pouco triste e acabei por nem lhe dizer que… pronto…

Foi a primeira vez que as coisas entre nós estiveram assim um bocado, como dizer, “menos boas”. Mas passado um bocado aquilo passou-me e acabei por esquecer.
Ele é que acabou por não esquecer!
Depois do almoço perguntou-me se tinha ficado magoada por lhe ter dado o número. Foi tão querido da parte dele! Eu não estava habituada a ser tratada tão bem.
Expliquei-lhe porque não tinha reagido da melhor maneira, é que não estava à espera daquilo, ainda por cima pede-lhe o número de telefone… isso foi tudo menos juntar o útil ao agradável.
Mas também lhe disse que se quisesse ela podia vir connosco para a praia.

O dia não começou da melhor maneira, mas ao menos acabou muito melhor! Mas isso é outra história!
Délio Melo quarta-feira, dezembro 19, 2007 | 0 comments |

terça-feira, dezembro 18, 2007

Três céus - X

Ele:

Já era quarta-feira… a primeira semana tinha passado tão depressa e a segunda já ia a meio. Caramba…
Já só me restavam – a contar com hoje – quatro dias e meio (no Domingo já ia pela manhã). Só mais quatro dias e meio para estar com ela e depois acabava-se tudo? Como é que eu ia conseguir deixa-la para trás e voltar para casa como se nada fosse? Como? Foi a primeira vez que me deu vontade de chorar a sério (até sentia o peito a apertar). Nem com a Liliana me senti assim.

Uma certa pasmaceira e tristeza começou a crescer em mim naquela manhã e eu sabia que não me podia deixar levar por ela. Não só porque tinha ainda tempo para passar com ela, mas também porque tristezas nunca criaram nada, apenas destruíram.

Como ainda era cedo (para ela é claro), decidi surpreendê-la aparecendo em casa dela.
Quando me abriu a porta viu-se mesmo que ainda estava a dormir. Ainda esfregava os olhos para os abrir completamente.
Espreguiçou-se abrindo os braços e lá sorriu. Deu-me um beijinho e abraçou-me! “Tão cedo? Tínhamos combinado algo?” – perguntou. E continuou: “Ou isso eram apenas saudades minhas?”.
Porque é que ela falou em saudades logo naquela altura? Bastou apenas isso para me deixar outra vez tristonho.
Não lhe consegui responder. Parecia que nem sabia sequer como responder.
A única coisa que fiz foi dar-lhe a mão e levá-la para a cama. Sentei-a na cama e disse-lhe “dá-me mimos”, enquanto pousava a minha cabeça no colo dela.
“Que tens?” – perguntou-me.
Disse-lhe que não era nada, só um daqueles dias. Pensei se não lhe deveria ter dito algo, mas como ela me pôs logo melhor não quis pô-la a pensar.

Tomou banho, comeu o pequeno-almoço e depois lá fomos para a praia.
Nunca pensei que ela fosse assim tão extrovertida! Ou secalhar sempre tinha sido, mas como nos conhecíamos ainda há pouco tempo, não havia à vontade para ela me mostrar tudo. Eu só me ria com ela. Era muito tola mesmo!
E o melhor da praia com ela continuava a ser poder estar deitado ao lado depois do banho. Não sei por quê, mas ela ficava mais bonita com a pele molhada e o cabelo molhado…não sei.
Se bem que passar-lhe creme pelo corpo (ela agora deixava-me por na frente também – Woo-hoo!) começava a saber muito bem também.
Se eu pensava que ela era tola, então as amigas… nem se fala! De facto, estavam bem umas para as outras. Mas no fundo, ainda que só pensassem em diversão, eram boas raparigas e muito amigas umas das outras. Bastava ver como falavam ou olhavam umas para as outras, até.

Para variar, fomos almoçar todos juntos ao INATEL .
É estranho – ou incrível – como um almoço num dia de praia sabe diferente dos restantes dias do ano.
Por acaso não estava à espera que fosse um almoço tão sossegado – tendo em conta com quem eu ia almoçar. Mas soube bem assim. Pela primeira vez podemos todos conversar normalmente. Desde que as conheço que tenho estado mais a ouvir do que a falar.
Hoje, ao contrário, pude falar com elas mais à vontade. E isso agradou-me bastante (elas pareciam gostar mais de mim do que eu pensava).

Depois do almoço fomos os seis para o outro lado do INATEL tomar café.
Quando já estávamos a ir embora ela fez-me sinal para ir ficando para trás porque queria falar comigo.
“Hoje não vamos para a praia de tarde. Vamos ficar em minha casa.” – disse-me, de uma maneira querida.
Tenho que admitir que fiquei um bocado espantado ao início, mas depois muito contente!
“Está bem!” – respondi-lhe (como se por acaso houvesse outra resposta a dar).

Despedimo-nos sem dizer que já não iríamos de tarde, mas quando falei com ela por causa disso disse-me que assim estava mais à vontade para não lhes ter de dizer que não caso insistissem.
Para melhor aproveitar o longo caminho para casa acabei por comprar-lhe um gelado que ela gostava.
Continuamos o passeio pela beira-mar a passo lento, apenas gozando do sol e do tempo agradável que se fazia sentir.

Antes de irmos para casa dela passamos primeiro pela minha para buscarmos um CD. Já que ela nunca tinha estado lá também lhe aproveitei para mostrar a casa.
Como mandam as regras: “esta é a sala, esta é a cozinha… o meu quarto..”, enfim, o habitual.
Não sei bem porquê mas parece que ela gostou do meu quarto. Para quem queria ir para casa, de repente senta-se na cama e pergunta se podíamos ficar por lá em vez de irmos para casa dela.
Nunca tinha tido uma rapariga no meu quarto antes, pelo menos não a pedido dela (e agora nem que ela quisesse ir embora eu a deixava ir)!
Aquele pedido dela no café se fosse noutra altura até podia parecer normal, mas o olhar dela… havia ali algo. Tinha certeza!

Primeiro encostamo-nos na cama a ver televisão, mas a mão dada passou a festinhas, de festinhas a beijos e de beijos a… algo mais íntimo.
Depois de passar tanto tempo com ela debaixo da luz do sol, foi preciso uma luz mais fraca, dividida pela persiana a meia altura, que me apercebi do quão morena ela realmente tinha ficado, e de como, com os seus olhos castanho-claro, ela tinha ficado realmente bonita. O próprio cabelo dela, liso, parecia mais reluzente.
Enquanto a segurava no rosto olhava fixamente para os olhos dela, para a testa, cabelo, maçãs-do-rosto, queixo e lábios. Passei-lhe suavemente a mão pela cara e toquei-lhe naqueles lábios quentes e reconfortantes – ela era minha namorada…
Veio-me à cabeça tanta coisa para dizer, tanta coisa que sentia, que nem conseguia sequer respirar.
Como enquadrava em mim aquela beleza toda era coisa que ainda me espantava.

O calor da tarde começava a fazer-se sentir, assim como o sono.
Ela deitou a cabeça sobre o meu peito deixando cair o cabelo todo sobre mim e com o braço direito cobriu-me a barriga.
Quando deixou de falar durante uns minutos pensei que talvez já dormisse. Então chamei-a baixinho: “Joana!” Mas ela não respondeu.
Deitei a cabeça para trás e deixei-me o sono vir.
Um sentido sorriso foi a minha última barreira antes de entrar no mundo dos sonhos.

Ela:

Não estava a contar acordar tão cedo hoje, ou até ser surpreendida! Mas ainda bem que existem surpresas! Sabem sempre bem de vez em quando.

Antes de eu acordar - antes do telemóvel me acordar - tocou a campainha da porta do prédio.
Quando vi que era ele até “acordei” num instante.
Àquela hora estava toda desarranjada, mas queria lá saber. Mal abriu a porta agarrei-me logo a ele e dei-lhe um lindo e longo beijinho!
“Mas espera ai, será que combinamos algo e eu esqueci-me?” – foi logo o que me veio à cabeça.
Felizmente não, não me tinha esquecido de nada. Quer dizer, achei eu. É que ele também não me respondeu. Apenas me pegou na mão e levou-me para o meu quarto (“Acção já pela manhã? Espera, eu não estou pronta! Oh, que se lixe!” – pensei para mim).

Já na cama deitou a cabeça no meu colo e disse-me “dá-me mimos”.
Ainda lhe perguntei o que tinha, mas disse que não era nada, “…apenas um daqueles dias”.
Enquanto lhe fazia festinhas na cabeça comecei a matutar. Ele já tinha entrado com uma cara um bocado diferente (para não dizer esquisita), depois mal falou comigo, só me deu a mão e trouxe-me para aqui.
Eu queria falar com ele mas secalhar era melhor não insistir, mas fazia o quê então?
Quando fui tomar banho comecei a pensar em algo…

Enquanto tomava o pequeno-almoço notei que já estava mais animado, mas era melhor prevenir do que remediar e ao menos assim aproveitamos o pouco tempo que tínhamos, apenas a dois. Mas antes disso iria tratar dele na praia!
Lá, enchi-o de mimos, brincamos e ainda o deixei por o creme à vontade (o que uma rapariga faz pelo seu amado)!
Passado um bocado, era como se a manhã de hoje fosse igual à noite de ontem: perfeita!

As minhas amigas convidaram-nos para irem com eles ao Inatel, e como ele nunca tinha ido lá, aceitamos – se bem que isso significava ir directo para a praia a seguir ao almoço, o que estragava os meus planos. Tinha que pensar em algo!
Passei metade do almoço à procura da altura para lhe dizer isso, mas logo hoje ele tinha que falar pelos cotovelos. Desisti de lhe dizer ali, iria dizer-lhe lá fora quando estivéssemos a ir embora do INATEL.

Ao irmos embora fiz-lhe sinal para irmos ficando para trás, que queria falar com ele.
Quando estávamos cá atrás disse-lhe “Hoje não vamos para a praia de tarde com eles. Vamos ficar por minha casa.” e pisquei-lhe o olho.
Despedimo-nos a correr e fomos embora. Reparei que estranhou despedir-me assim tão de repente delas – mas teve que ser porque senão vinham os porquês e a coisa podia complicar-se. Assim, não insistiam e novos ficávamos à vontade.

Àquela hora (naquele calor) não havia muita gente pelas ruas (ou estavam pela praia ou estavam por casa para fugir ao calor). Era bom sentir, de vez em quando, aquele sentimento de paz e silêncio apesar de sabermos que havia gente por todos os lados.
A caminho de casa dele para buscar um CD, ainda ganhei um gelado – nada mau para meio dia de trabalho!

Para um T1 até era uma casa bem agradável e bonita – e até tive direito a visita guiada pela casa. O que eu mais gostei foi da vista do quarto dele. Morar no último andar, com a varanda virada para a praia dava-lhe uma vista e tanto.
“Pensando bem, podemos mesmo ficar por aqui!” – pensei.

Nunca tinha namorado num quarto de um rapaz, quanto mais um a viver sozinho. Era estranho mas criou em mim um certo sentimento de liberdade e maturidade.
Eu e o meu menino sentados numa árvore b-e-i-j-a-n-d-o… ou melhor numa cama apenas para nós os dois!
Enquanto os meus olhos procuravam um novo canto para beijar lembrei-me da primeira vez que o vi, de como me olhou, e isso deu-me ainda mais vontade de o beijar e de o amar. Não acreditava que só mais alguns dias e tinha que lhe dizer adeus. Mas calei a minha consciência com mais beijos e agarrando-o com mais força e mais perto de mim.

A dada altura, agarrou-me o queixo e olhou fixamente para mim. Naqueles segundos tive certeza que me queria dizer algo. Olhei naqueles olhos verdes e para aquela pele quase morena e senti-me de novo a apaixonar-me por ele.
Beijei-o até ficar com os lábios secos.

A meio da tarde comecei a ficar cheia de sono.
Lembro-me de deitar a cabeça sobre o peito (aquecido pelo calor) dele e fechar os olhos. O resto… foi-se. Mas o que não foi, ainda sabe bem relembrar!
Délio Melo terça-feira, dezembro 18, 2007 | 0 comments |

segunda-feira, dezembro 17, 2007

Três céus - IX - Parte 2

Ele:
De manhã quando acordei e a vi ao meu lado, imediatamente me veio à cabeça a noite anterior… os beijos e as palavras que trocamos…
Mexi-me o mínimo possível para não a acordar, e quando me pus confortável ao lado dela comecei, suavemente, a passar-lhe a ponta do dedo pelos braços. De cima para baixo e de baixo para cima.
Continuava sem acordar. Mexi-lhe também no cabelo puxando-o para trás da orelha, passando-lhe depois a mão por entre o cabelo… até que ela acordou.
E como da primeira vez, muito se espreguiçou! Olhou-me pelo canto do olho e agarrou-se a mim, fazendo-me deitar também.
“Olá!” – disse-me. Puxou a cabeça atrás e levemente bateu com o dedo nos lábios duas vezes como que pedindo algo e fechou os olhos.

Quem é que ia negar algo a alguém tão bonito?
Por causa dela passamos o resto da manhã… não, o resto do dia assim.

O único intervalo acabou por ser o almoço – que ela cozinhou para nós!
A praia só veio pelas cinco horas. Tinha estado muito calor durante a tarde, por isso preferimos ficar na “brincadeira” em casa dela.
Quando lá chegamos já as amigas dela estavam lá há horas à espera dela. Pelos vistos elas tinham-lhe ligado mas ela nunca atendeu o telemóvel – eu cá também não ouvi nada.
Assim que ela lhes contou que namorávamos, foi ver raparigas perto de histéricas. E tanta gente ali ao lado a vê-las…
Se fosse noutra altura até ficava sem jeito, mas agora… eu queria lá saber!

“Felizmente” (não posso dizer que me importava muito) uma hora e tal depois de chegarmos elas foram-se embora (sempre a sorrir com ela).
Os minutos passavam e as pessoas iam indo embora assim que o calor também se ia, deixando a praia cada vez mais deserta. Foi ai que nós aproveitamos mais a praia.
Sozinhos, sem vergonhas! Era carinhos, era brincadeiras (atirei-a para a água não sei quantas vezes!) … foi de facto um fim de tarde maravilhoso, um que eu nunca tinha experimentado, melhor do que imaginado.
Mas a melhor parte foi vê-la deitada na toalha ao meu lado.
Nós tínhamos ido ao banho e pouco tempo depois de sairmos da água o corpo dela começou a secar deixando-a com um “ar” incrivelmente bonito: bronzeada, com o cabelo molhado e uns lindos olhos acastanhados brilhando… como era possível alguém não a adorar?
Mesmo gostando de me estender na toalha e fechar os olhos depois de tomar banho (ali deitado a secar ao sol sempre foi, para mim, a melhor coisa do ir à praia), não dava para desviar a atenção dela.
Ela sorria-me da toalha dela e eu era o homem mais feliz do mundo!

Por mais dias que eu pudesse namorar com ela ou com outra pessoa, aquele primeiro “momento” vai sempre ser especial para mim em todos os sentidos.
Ela:
Eu dormia e dormia sem que barulho algum me acordasse, mas com uma leve impressão na cabeça e nos braços acordei.
Ainda com os olhos mal abertos, vi-o. Lembrei-me logo do que tinha acontecido no dia inteiro de ontem… e sorri! Mal soube onde estava agarrei-me logo a ele.
Mas eu queria mais, eu queria beija-lo outra vez. Olhei-o nos olhos (da maneira mais sexy que consegui pela manhã) e batendo com o dedo nos lábios pedi-lhe que me beijasse.

Na minha cabeça não me passava outra coisa senão beijá-lo e agarrá-lo.
Mas uma rapariga tem que se cuidar e agora que namorava tinha que manter a linha para o seu príncipe, né?
Preparei-lhe um grande almoço (para ver se ele ganhava um bocadinho de chicha!) e depois passamos a tarde no sofá, encostados um ao outro a ver televisão, a trocar mimos e sorrisos.

Até que me apeteceu ficar assim o resto da tarde, mas como estava tão bom tempo, decidimos ir para a praia – aproveitava e contava a novidade às minhas amigas.
Verdade seja dita que não demorou muito para eles descobrirem. Mal nos viram, viram-nos de mão dada, por isso…
Foi tão engraçada a reacção delas – e minha também! Quando me viram vieram logo a correr na minha direcção. Agarraram-se a mim e deram-me os parabéns não sei quantas vezes.
Quando pude ganhar espaço e olhei para ele, só se ria com a cena!

Ver aquela comoção toda, e que era dirigida a nós, só me fez sentir ainda mais especial…

Como nós chegamos um bocado tarde, acabei por não lhes dar os pormenores todos – Também, era um bocado chato tê-lo ali a ouvir aquilo.
Uma tinha coisas combinadas, outra ia-se encontrar com uns amigos, etc.
E novamente estávamos sozinhos.
A primeira coisa que eu fiz foi correr para a água. Sim, eu sei que parecia tola a correr, mas eu estava feliz e única coisa que me importava era o que ele achava…e ele gostava de mim assim!

O nosso primeiro dia de namoro durou 24 horas (ou perto) e foi o dia mais feliz da minha vida! E nada neste mundo ia apagar esse sentimento!
Délio Melo segunda-feira, dezembro 17, 2007 | 0 comments |

domingo, dezembro 16, 2007

Três céus - IX - Parte 1

Ele:

Olhei para o relógio e faltavam apenas alguns minutos para a uma da manhã. Há meia hora que estava na cama e o sono continuava a não vir.
Estava tão excitado… nunca tinha feito tantos filmes na minha cabeça por causa de alguém que tinha acabado de conhecer.
O telefone tocou. Era ela.
Também não conseguia dormir. Começamos a falar até que surgiu a ideia, por entre sugestões, de eu ir lá a casa dela naquele momento.
Quando ela me convidou levantei-me e sentei-me na cama, de olhos bem abertos.

Assim que desliguei o telefone sai disparado da cama à procura de roupa, mas quanto mais depressa me queria despachar para sair, mais me atrapalhava. Pelos vistos a pressa é mesmo inimiga da perfeição.
Assim que me vesti sai a correr para ir ter com ela.
Àquela hora era mais silêncio que pessoas. Talvez estivessem ainda todos na festa lá no centro, talvez não, e estivessem já todos a dormir.
Corri por entre ruas e prédios até chegar a casa dela, deixando tudo para trás, até a Lua - eu ia assim tão depressa!
Toquei à campainha. O meu coração parecia que ia sair pelo feito fora da maneira como batia. Enquanto esperava olhei para a minha mão esquerda que tremia como tudo, e por mais que tentasse acalmar-me respirando fundo, não havia maneira de lhe dar a volta.
Não sei se ela reparou, mas é que quando inspirava profundamente, ela abriu a porta e eu bufei o ar todo na cara dela. “Isto já começa bem” – pensei.

Sorriu-me quando abriu a porta, levando o cabelo para trás da orelha com a mão esquerda. Estava novamente com aqueles calções e um pequeno top branco.
Vê-la assim…outra vez… era uma coisa que nem sei explicar direito. A única coisa que me vinha à cabeça era o quão bonita e atraente era ela.
Quando entrei ainda se fez algum silêncio – era a vergonha a bater. Ali lado a lado e nenhum dos dois parecia saber o que dizer.
“Queres ir para o meu quarto?” – perguntou.
Quase que desafinava só ao dizer “sim”.

Disse-me que se quisesse também podia deitar na cama… “desde que tires os sapatos” – brincou.
Estávamos os dois sentados na cama com as costas na parede a falar, à espera que surgisse o momento… – será que ela sentiu essa pressão?
O momento em que as amigas dela surgiram veio rapidamente à baila e apenas isso bastou para recriar o ambiente.
Dei-lhe a minha mão e sorri-lhe. Ela olhou para mim corada e sorriu-me também. Aproximei-me dela devagar, e ela de mim, e beijamo-nos.
Naquele momento perdi todo o medo, nervosismo e ansiedade e senti algo muito bom: ela. Por isso não sei dizer se o beijo durou segundos ou se durou minutos. Eu perdi-me nela e isso é tudo o que eu me lembro.

Quando afastamos os lábios um do outro só conseguíamos sorrir. O olhar que trocamos após o beijo é como se tivesse sido o primeiro olhar que alguma vez trocamos, como se houvesse um novo início. E algo em mim dizia que ambos sentíamos isso.

“Eu gosto de ti”.
“Eu também gosto de ti.”
“Queres ser minha namorada?” – perguntei-lhe, olhando-a nos olhos ansioso para que dissesse que sim.
“Quero… namorado!” – respondeu-me antes de me beijar novamente.

Estas foram as nossas primeiras palavras como namorados.
Os beijos trouxeram carícias, e a noite, uma paz banhada pela luz da lua que entrava pela janela, totalmente destapada pelo cortinado.
Ela:

Já estava ao tempo na cama e o sono não vinha. Não é que estivesse ansiosa ou coisa parecida, simplesmente não tinha sono. Só que isso fazia com que na minha mente só se passassem filmes do que podia ter acontecido se elas não tivessem aparecido. Era imagem atrás de imagem…
“E se lhe telefonasse para vir aqui agora?” – foi isto que realmente me trouxe ansiedade e me levou o sono de vez. Aquele “telefono, não telefono”, estava a dar cabo de mim.
Acabei por ganhar coragem e telefonei-lhe. Por acaso só reparei nas horas quando olhei para o despertador, enquanto esperava que ele atendesse o telefone: Já era quase uma!
Quando ele atendeu fiquei um bocado nervosa por isso não lhe consegui fazer logo a pergunta. Andei um bocadinho às voltas mas a pergunta lá acabou por sair.
Ele vinha ai!

Não sei se eram nervos ou ansiedade, mas já bufava por tudo quanto era lado.
Ele não ia demorar muito. Fui num instante refrescar-me à casa de banho e passei de pijama a calções e top – é assim mesmo!
Quando lhe abri a porta só o vi a bufar…será que tinha vindo a correr? Mas fez uma expressão tão cómica…
Depois de entrar foi um bocado difícil de falarmos – a vergonha era mais que muita, pelo menos do meu lado era.

Levei-o para o meu quarto e disse-lhe para se sentar perto de mim.
Sentados, encostamo-nos à parede e começamos a falar... até que a conversa sobre o que tinha acontecido ainda há poucas horas, finalmente veio ao de cima.
Secalhar foi isso que bastou, porque senti algo em nós a mudar e sentia cada vez mais a presença dele no quarto.
Quando me deu a mão fiquei mesmo vermelha. Arregalei os olhos, olhei para ele e sorri-lhe – mas o meu coração batia tão forte que até o ouvia.
Então, devagarinho, chegou-se a mim e beijou-me…

Foi um beijo que me soube a céu. Foi tão bom, tão perfeito…
Quando acabou tinha um sorriso na cara que ninguém me conseguiria tirar. Olhei-o nos olhos e disse-me:
“Eu gosto de ti”.
“Eu também gosto de ti.”
“Então aceitas ser minha namorada?” – perguntou-me.
O meu coração quando ouviu aquilo tornou-se grande demais para o conter.
“Quero… namorado!” – respondi-lhe, terminando com um beijo.

Depois das únicas palavras que ansiava por ouvir, depois do beijo com que sonhava acordada, à noite coube apenas mais e mais daquele sentimento que sempre procurei: amor.
Entre provas de amor, o coração começou a descansar, e quando já só restavam festinhas, encostou-se a mim, e eu a ele, e ali adormecemos.
Passou-me pela cabeça acordá-lo para ir para casa… mas foi só isso… passou!Fiquei a vê-lo ali, deitado, a dormir e a pensar para mim mesma: “Passei anos à espera disto acontecer e quando pensei ter encontrado ele tratou-me como se eu não sentisse nada por ele. Acho que nunca me viu como mais que uma amiga. Foi tão difícil às vezes dar-lhe tanto ou simplesmente querer-lhe dar tudo e mais alguma coisa e sentir que nunca iria sentir aquilo que eu queria que ele sentisse… E agora, do nada, ele aparece. Bonito, sensível…especial. Só queria que nada viesse e nos acabasse por separar. Queria…”
Délio Melo domingo, dezembro 16, 2007 | 0 comments |

sábado, dezembro 15, 2007

Três céus - VIII

Ele:

Depois da praia combinamos ir ao cinema e jantar fora.
À falta de dinheiro e de locais baratos (sempre o dinheiro!) pensava já em comer num McDonald`s.
Combinamos às 19h junto da praia e depois púnhamo-nos a caminho.

Eram 19:15 e ela ainda não tinha chegado. Olhava de um lado para o outro mas nem sinais dela. “Será que devia ligar-lhe” – pensei. Mas também não queria parecer chato.
Passado uns minutos já a via ao longe. Vinha com uma t-shirt azul claro e de mini-saia branca com umas sapatilhas brancas a condizer.
Não sei se era porque a roupa combinava perfeitamente com ela, ou se era porque ela era mesmo atraente, só sei que ela estava linda de morrer - e vê-la a andar na minha direcção, com o vento a bater-lhe no cabelo e na roupa, parecia coisa de filme mesmo.
Não podia deixar passar este momento para lhe dizer que estava bonita – e não deixei!

Por acaso acabamos por jantar no McDonald`s.
Eu e ela comemos o meu preferido: Big Mac. Ah, como foi bom matar saudades!
O jantar foi muito bom. Falamos, rimos…até falamos sobre a Liliana e tudo o que aconteceu entre mim e ela. Acho que foi a primeira vez que falei sobre ela com alguém sem me magoar tanto ao relembrar o que aconteceu. Foi bom poder contar-lhe tudo o que me veio à cabeça e ter alguém que, mais do que me ouvir, me soubesse ouvir.
Ela era aquele tipo de pessoa que nós queremos sempre do nosso lado e se nós sentimos algo por essa pessoa, então ela só se torna mais especial para nós.

Depois do jantar fomos ao cinema ver um filmezito.
Até gostei do filme, pelo menos do que prestei atenção!
Quando as luzes se apagaram a única coisa que passava na minha cabeça era o facto de ela estar ao meu lado. “Será que devia falar com ela?” – pensava. Mas o meu coração batia cada vez mais e a minha coragem ficava cada vez mais pequena.
Ao olhar para ela aconteceu-me algo. Ela estava com um olhar tão fixo no ecrã que ficou com uma expressão facial tão bela que eu também fiquei a olhar para ela sem desviar os meus olhos. E foi ai que senti uma vontade sem vergonha de lhe dar a mão. E sem pensar duas vezes simplesmente pus a minha mão sobre a dela. A reacção veio depois: quando isso aconteceu parecia que o meu coração me ia saltar boca fora.
Ao ver a reacção dela fiquei com tanta vergonha que virei a cabeça na direcção do ecrã tão depressa quanto pude…
Mas ela não tirava a minha mão de cima dela… e embora estivesse bastante nervoso de início, começava a acalmar a pouco e pouco até que o sossego veio em forma de carinhos: ela deu-me a mão e começou-me a passar com o dedo na mão uma vez atrás da outra.
Então olhei para ela e ela sorria. As coisas estavam a corre bem!

Durante o resto do filme, e mesmo depois de ter acabado e termos saído, nunca largamos a mão um do outro.
Era um sentimento de felicidade ter alguém que me aceitasse, que não cabia em mim de contente.
Criado o ambiente, levei-a a casa.
E quando já me preparava para a tentar beijar, apesar do regressar galopante da ansiedade, apareceram as amigas dela.
Já não havia beijo de boa noite para ninguém, apenas um olhar íntimo e de felicidade entre nós. E para aquela noite, isso chegava-me perfeitamente. Eu sabia que se não fosse naquela noite, seria no dia a seguir, ou depois, porque agora, seria…

Sentir algo tão bom por alguém e saber que alguém sente o mesmo por nós é… muito bom, muito bom mesmo!
Ela:

A semana tinha começado bem.
Depois de um dia de praia bem quente, íamos jantar juntos e depois íamos ao cinema.
Por acaso sempre gostei de ir ao cinema… fosse para ver que filme fosse. Ver um filme naquele ecrã enorme e ser levada por aquela emoção era mesmo demais!
Por isso quando ele me convidou fiquei toda contente: estar com ele e ir ao cinema – coisa que ainda não tinha feito desde que cheguei. –, era tipo juntar o útil ao agradável!

Depois da praia lá fui para casa, tomei um longo banho e vesti uma roupa muito bonita. Ele já me tinha dito que me gostava de ver com roupas claras, por isso só vesti coisas claras!
Só esperava que ele gostasse!
A maior parte do tempo que estive em casa só sorria. Por dentro, por fora…tanta fazia. Estava tão tola que nem ouvi o telemóvel a tocar. Felizmente era uma amiga minha e não ele. Acho que se tivesse sido ele ficava logo toda preocupada.

Como de costume, combinamos na praia, que acabou por se tornar o nosso ponto de encontro!
Como marcamos de estar lá às 20h, fomos jantar primeiro e depois é que iríamos ao cinema.
Quando disse que íamos jantar fora não estava à espera do MacDonald`s. Não é que não gostasse, porque até simpatizava com o sítio…e às vezes até me sabia bem ir lá comer. Mas…não sei, soube-me a pouco. Estava à espera de algo mais romântico, acho eu.
Não quis insistir porque também não sabia se ele tinha dinheiro para ir comer num restaurante. E como daqui a uns minutos nem iria pensar mais nisso…
Para dizer a verdade, jantar pela primeira vez com ele até foi… bom.
Durante aquela hora falamos de muitas coisas. Falou-me de uma rapariga de quem tinha gostado (aqui já não estava a gostar muito da conversa) durante dois anos e meio e como nunca tinha dado em nada e de como passava mais tempo triste do que alegre quando estava com ela.
Nesse bocado da conversa houve algo no olhar dele que me magoou um bocado. Eu via nos olhos dele que, mesmo tendo já passado alguns anos, pelo que me contou, aquilo ainda lhe custava. Foi ai que a minha mente começou a imaginar demais e que comecei a perder aos bocados a vontade de falar, de sorrir. Fiquei a ouvi-lo mas sempre à espera que parasse – não queria que ele gostasse de mais ninguém…
Ainda falamos um bocado sobre ela, mas gradualmente a conversa foi mudando de tópico e com ela, o meu humor.

Com o jantar já para trás, fomos comprar os bilhetes e pipocas e seguimos para a sala.
Até que nem estava muita gente mas como os melhores lugares já estavam ocupados tivemos que ir para o canto esquerdo da sala.
Ainda que bom, a meio do filme deixei de lhe prestar atenção: tinha pousado a mão dele na minha!
Quando o senti a tocar na minha mão foi impossível não ficar super feliz.
Devo ter ficado vermelha de tanto o meu coração bater depressa. Bem, lembro-me de abrir bem os olhos e um sorriso (“As coisas estavam a mudar” – pensei em jeito de sentimento!)
Agarrei-lhe a mão e sorri-lhe mas ele ainda estava mais envergonhado do que eu, primeiro que ele me conseguisse olhar nos olhos direito… será que ele estava com medo que eu não gostasse? Até me r, enquanto olhava para baixo para que ele não percebesse!
Aquela cara dele há-de ficar comigo o resto da vida, de certeza!
E assim ficamos o resto do filme, a trocar carinhos na mão um do outro. A cara dele… hahahaha…

Quando o filme acabou, e fomos embora, nem sabia o que lhe havia de dizer. “lá dentro é que estava bem… Quieta!” – pensava enquanto continuávamos o passeio de volta.
Como um cavalheiro, acompanhou-me até casa, e só à minha porta é que começamos a falar melhor.
Ao sentir que estava prestes a ir embora quase paralisava de vergonha com a ideia de nos beijarmos. “Será que nos vamos beijar?” – pensava, com o coração já aos trambolhões.
Mas infelizmente para mim isso nunca chegou a acontecer porque as minhas amigas lembraram-se de aparecer do nada e mal me viram berraram logo por mim. Se eu reagi como ele, fiquei logo vermelha, de certeza! Ele ficou tão pouco à vontade…quer dizer, nós ficamos tão envergonhados que largamos logo a mão um do outro quase como que por susto, mas logo em seguida sorrirmos um para o outro.

Agora sim, sabia o que ele sentia por mim, e ele o que eu sentia por ele.Só de pensar como seria o dia de amanhã enchia-me de excitação e nervosismo. Até parecia que me ia dar qualquer coisa!
Délio Melo sábado, dezembro 15, 2007 | 0 comments |

sexta-feira, dezembro 14, 2007

Três céus - VII

Ele:

A primeira semana estava prestes a terminar.
Quando pensava em ir de férias nunca pensei que algo de tão bom me fosse acontecer – pelo menos tão depressa.
Logo no primeiro dia encontrei alguém que talvez fosse trazer mais felicidade ao meu mundo. Depois de um “quase namoro” que tinha durado dois anos e meio, não estava à espera de começar a sentir isto tão cedo.
Eu sei que outras pessoas ficariam com um pé atrás, mas eu não queria saber. Até ficava contente – ainda que não saiba ao certo o que ela sente. Essa parte sim é que me preocupava (se da parte dela não houver o mesmo sentimento).

Depois do que tinha acontecido no dia anterior, estar outra vez ao lado dela novamente, enchia-me de um sentimento um bocado estranho. Era uma mistura de alegria e de paz.

De manhã não fui à praia mas sim à missa. Não era por estar de férias que iria deixar a missa, quer dizer, a não ser que não houvesse igreja por aqueles lados.
Por acaso só me lembrei de a convidar uma hora antes da missa começar – que ela aceitou. Se tivesse demorado mais acho que teria mesmo que ir sozinho.
Quando chegamos lá ainda tive tempo para fazer um pequeno pedido!

O dia na praia estava a demorar mais do que o normal.
Já pouca gente estava na praia, muito menos na água. Por isso, nós dois lá na brincadeira, não fazíamos figura de tolos para muita gente! Se fosse antes, não fazia metade das coisas que tinha feito, mas agora, nem sequer pensava se os outros olhavam para o que fazia.
Eu só queria continuar a brincar com ela: a pegar nela e deixa-la cair na água, a atirar-lhe água - e fugir que nem um tolo, acabando por cair por falta de equilíbrio (lá se tinha ido a minha imagem).
Antes de irmos embora sentamo-nos frente a frente na toalha, esperando que o pouco sol nos secasse para não irmos embora a pingar.
Eu olhei para ela. O sol batia-lhe no rosto com uma luz especial. Só pode ter sido uma luz especial porque naquele momento algo em mim se mexeu. Acho que foi naquele momento que tive certeza que tinha começado a gostar dela.
Lembro-me de pensar que ela era a rapariga mais linda do mundo.

O sol já se começava a deitar, deixando o céu pintado de vermelho e laranja.
Estava um pôr-do-sol como eu nunca tinha visto… e reflectia nos olhos dela.


Ela:

Provavelmente por força do hábito de pensar em escola ao Domingo, nunca fui de sair ou ir à praia neste dia. Para mim, Domingo sempre foi dia de descanso e de ficar em casa, pelo menos a maior parte do tempo.
Hoje seria uma daquelas excepções!

Perto das 11h recebi uma chamada dele a perguntar-me se queria ir à missa com ele.
Por acaso nem me tinha lembrado disso desde que cheguei. Não que fosse sempre à missa, mas ainda ia algumas vezes, e até que gostava de ir.
Depois da tarde de ontem o que queria era vê-lo, e juntando o útil ao agradável… porque não?!
Não sei se foi por estar numa terra diferente por a igreja ser diferente, mas a missa pareceu-me diferente… mais alegre. Secalhar é por estar de férias…

À tarde fomos novamente à praia – mas desta vez só nós os dois. Pedi desculpa às minhas amigas, mas hoje queria estar com ele. Claro que tendo amigas como eu tenho, nem foi preciso pedir duas vezes. Até tive direito a uns sorrisos marotos e uma data de “boa sorte!” e “dá-lhe um beijinho!”.

Não estava muito calor até. Estava o suficiente para o meu corpo ficar quente. Até a água estava morna e calma.
Com a água assim, acabamos por passar a maior parte do tempo lá… na brincadeira!
Ele é mesmo engraçado e carinhoso. Até o pegar em mim e atirar-me para a água ele fazia com cuidado para não me magoar, não como alguns que vimos lá connosco.
Houve uma altura em que ao fugir de mim deu grande queda para trás - só me ria!
Simpática como eu sou, dei-lhe a mão e ajudei-o a levantar-se.
Quando lhe peguei na mão comecei a sentir algo na barriga, algo que aumentou quando ao levantar-se ficou a olhar para mim nos olhos.
Ficou pouco à minha frente quando se levantou.
Senti que sorria; senti que embaraçava…e senti pela primeira vez, com toda a certeza, que estava a gostar dele.
Foi uma sensação óptima e única.
Independentemente de quantos pessoas já tenha gostado, acho que nenhuma tinha mexido assim comigo, como ele mexeu. E quanto mais pensava nisso, mais parecia gostar dele.

Ficamos a ver o pôr-do-sol quase até ao fim, sentados lado a lado, quase na mesma toalha.
Tudo o que queria naquele momento era encostar-me a ele, sentir o meu braço a tocar o dele, já sem vergonhas e fazê-lo olhar para mim puxando-o levemente pelo queixo e depois…
Délio Melo sexta-feira, dezembro 14, 2007 | 0 comments |

quinta-feira, dezembro 13, 2007

Três céus - VI

Ele:

Eram 10 horas e ela ainda não tinha chegado. Será que tinha ficado a dormir? “Bem, ela tem aquele lado dorminhoco nela” – pensei.
Ainda pensei em telefonar-lhe mas se ela realmente estava a dormir, não seria eu que a iria acordar. Fiquei de lhe ligar um pouco mais tarde mas acabei-me por distrair e já eram horas de ir embora.

Acabei, foi, por ficar preocupado. Ela não tinha dito nada no dia anterior, e ela até costumava dizer sempre para lhe guardar um lugar para ela junto de mim… ainda por cima ela estava sozinha em casa.
Quando cheguei a casa, a primeira coisa que fiz foi telefonar-lhe logo. Demorou um bocado a atender o telefone e quando o fez veio cá com uma voz…
Ficou tão cansada com a noitada de ontem que ao chegar a casa nem trocou de roupa, nem fechou a janela que tinha deixado aberta desde manhã. E depois pimba: tinha ficado com o pingo no nariz e dores de garganta. “És mesmo tola” – disse-lhe.
Mas como eu era bom rapaz perguntei-lhe onde morava e de tarde fui lá para não a deixar sozinha. Já basta estar doente, ainda por cima estar só…

Morava num condomínio, no rés-do-chão, não muito longe da praia. Por acaso era um sítio muito bonito e com muitos espaços verdes.
Toquei à campainha e veio ela de t-shirt e calções abrir-me a porta. Acho que quando a vi quem se começou a sentir mal fui eu…
Levou-me para o quarto dela e sentamo-nos em cima da cama dela. Ela meteu-se debaixo do lençol e começou-me a contar a noite do dia anterior.
Depois de ouvir aquilo tudo até me custava a acreditar como é que ela tinha saído tão diferente das amigas. Elas muito extrovertidas e esta rapariga o oposto – para dizer a verdade, ainda bem!

Tive que a mandar calar para a fazer descansar um bocado.
Assim que fechou os olhos comecei-lhe a passar a mão pelo cabelo e pela cabeça, a fazer festinhas e passado nem cinco minutos já ela estava praticamente a dormir. Só que quando me levantei para ir fechar a persiana (que estava a deixar entrar muita luz) ela abriu os olhos e perguntou-me se já ia embora. “Não. Só ia baixar a persiana para a luz não te dar nos olhos.” – Disse-lhe enquanto baixava levemente a persiana.
Perguntou-me então se queria ficar mais um bocado com ela, e mesmo que adormecesse para não ir.
Não consegui deixar de sorrir por dentro; eu queria ouvir aquilo!
Fechei a persiana e fui-me deitar ao lado dela.
Ainda dentro do lençol, encostou-se a mim e pediu-me para continuar a mexer-lhe na cabeça. E assim fiz: continuei a mexer-lhe até ver que tinha adormecido, depois cheguei um bocado para o lado e pronto, fechei os olhos.

Ela era tão bonita a dormir…

Mais tarde, não sei quanto tempo depois, acordei. Ela estava completamente encostada a mim, com a cara a centímetros da minha.
Não posso negar que isso não me foi indiferente, porque não foi. Pensei em acorda-la ou afastar-me mas… era bom de mais.
Fiquei assim até ela acordar.
Passado um bocado começou a abrir os olhos devagar e a esticar-se. Virou-se de barriga para cima e bocejou. De repente virou-se para a esquerda e deu novamente de caras comigo. Abriu os olhos num instante… acho que não estava à espera de me ver tão perto.
Nos primeiros segundos, olhei para ela fixamente com apenas uma coisa na cabeça. Mas por uma mistura de medo e vergonha recuei.
“Boa tarde dorminhoca” – falei-lhe baixinho. E ela sorriu da maneira mais bonita que eu alguma vez tinha visto.

Aquela imagem ficou comigo durante muitos dias.
Ela:

O dia começou mesmo mal: cheia de vontade de sair de casa e um nariz a pingar, a fechar-me em casa.
Não havia mais nada a fazer a não ser ver televisão e mandar mensagens pelo telemóvel (foi a única coisa que me entreteve durante a manhã).
Às vezes ainda me levantava e ia à varanda ver as pessoas a passarem. Sentava-me numa cadeira de praia e ficava ali um bocado, pelo menos até o vento me começar a incomodar – não me apetecia ficar pior. Depois, lá ia de novo para a cama no meu quarto e ficava ali a ver televisão.

Quando estava a acabar de lavar a louça do almoço o telefone tocou.
Era ele que me estava a ligar – tinha ficado preocupado comigo! Perguntou-me se podia passar por minha casa depois de almoçar. É claro que a resposta foi sim.
Arrumei o resto da cozinha e o meu quarto, que estava a ficar com roupa demais por detrás da porta.

Já estava a ficar ansiosa. Não sabia se devia preparar já alguma coisa para o lanche ou se deveria ir comprar alguma coisa.
Quando já me tinha vestido para ir buscar algo num instante à loja, toca ele à porta.
Mostrei-lhe a casa e depois fomo-nos sentar para o meu quarto.

Uma das coisas que me disse logo foi se precisava que fosse buscar alguma coisa – só pelo prazer de o ver a ser tão querido quase que aceitava.
Contei-lhe como tinha corrido a noite anterior e porque é que tinha chegado a casa totalmente partida. Ainda deu para nos rirmos um bocado!
Depois mandou-me deitar e descansar. Deitei-me e ele começou-me a passar a mão pela cabeça.
Cá dentro saiu um grande “aahhhhh”. Aquilo estava-me a saber tão bem que comecei a ficar mesmo com os olhos pesados.
Estava mesmo a adormecer quando me apercebi de que se estava a levantar. Sem pensar agarrei-lhe o pulso: “Vais embora?” - perguntei-lhe. Mas não, só ia baixar a persiana para que eu dormisse melhor.
Eu não queria que ele fosse embora, queria ficar com ele mais um bocadinho… Por isso perguntei-lhe se não queria ficar, mesmo se adormecesse. Sorriu-me e deitou-se ao meu lado e deu-me mais miminhos (Woo-hoo!).

Meti-me por baixo do lençol e encostei-me a ele. “Continua a passar-me a mão pela cabeça.” – Pedi-lhe, meio envergonhada.
Com aqueles carinhos todos acabei por adormecer num instante.

Ao acordar não me podia ter acontecido coisa pior… ou será melhor?
Como é meu hábito, assim que acordei espreguicei-me toda. O pior é que quando me virei para o lado esquerdo fiquei com a minha cara praticamente colada à dele.
Ao início até fiquei sem saber como reagir – e só sentia o meu coração a acordar mais depressa que o resto do corpo.
Nunca o tinha olhado tão profundamente. O olhar dele fazia-me ficar quieta, mesmo sem vontade de me mexer.
Quantos mais segundos se passavam, mais clara era uma crescente intenção em mim. Só me queria aproximar mais dele para…
…“ Boa tarde dorminhoca” – disse-me, mostrando um doce sorriso.

Durante o resto do dia, aqueles poucos segundos repetiram-se vezes sem conta dentro de mim.Já sentia o meu coração diferente…
Délio Melo quinta-feira, dezembro 13, 2007 | 0 comments |

quarta-feira, dezembro 12, 2007

Três céus - V

Ele:

Embora o dia tivesse começado com sol e calor como era costume, o tempo acabou por mudar um pouco de repente, e ao fim da manhã, já nuvens cinzentas se começavam a formar no céu.
Passado o almoço e também a temperatura começava a amenizar.
Se por um lado fiquei tristonho por não poder ir à praia com a Sara, também estava a ficar cheio de tanta areia e calor. Eu nunca tinha passado tanto tempo na praia, mas como era para estar com ela…
Mesmo sem estar tempo para praias, isso não seria razão para podermos dar um passeio… pelo Zoo Marine!

Ficamos de nos encontrar às 2h na entrada da praia para depois apanharmos o comboio turístico que ia directo para lá.
Ela não demorou muito para rapariga – ainda bem que não lhe disse isso porque não sei se me bateria ou se me sorriria!
Eu fui tão à vontade: com calções, t-shirt e sapatilhas e ela, toda aperaltada, com saia e tudo (por acaso nunca a tinha imaginado como rapariga de usar saia, mas ainda bem que a usou). Não é que fosse vestida para uma gala, mas era o suficiente para me deixar ficar mal. Riu-se quando lhe disse isto.
Mas que ela estava bonita estava – e eu era a companhia dela!

Naquela tarde rimo-nos como tolos: era das brincadeiras dos golfinhos que assustavam alguns distraídos nas filas da frente nas bancadas, era de brincadeiras entre nós...
Às vezes notava que estava apenas a vê-la sorrir. Olhava para ela e ficava a vê-la a sorrir. Espero que ao menos não tenha dado nas vistas.
Ela era bem bonita, e por incrível que pareça, vê-la de um modo mais feminino revelou-me um lado mais carinhoso dela que eu não estava à espera e que me agradou bastante.

Quando a exibição acabou (juntamente com o meu dinheirinho) apanhamos novamente o comboio.
O tempo tinha ficado um pouco pior, mas lá dentro, com ela apoiada em mim, eu não ligava ao tempo… até estava bem quentinho.
Foi uma viagem de volta em silêncio a maior parte do tempo, mas eu gostei. O silêncio nem sempre é mau e ali até tornou a viagem mais especial.

Ela:

Depois do almoço fomos dar uma volta. O tempo já começava a ficar cinzento por isso combinamos ir ao Zoo Marine.
Depois do almoço passei meia hora a tentar escolher roupa. “Que conjunto é que levo?”
No meio das minhas coisas encontrei uma saia que tinha trazido mas que já não usava há um ano. Só que eu e as saias…
Como não me conseguia decidir acabei por pegar na saia e numa camisa e fui mesmo assim. Até estava admirada ver a saia servir-me ainda tão bem.
Quando já estava a chegar à praia é que me veio a vergonha. Há muito tempo que não usava saias… e se me ficava mal? – pensava.
Quando ele disse que gostava de me ver assim eu fiquei mais à vontade – e com um sorriso na cara!

A tarde foi maravilhosa. Diverti-me imenso lá com ele. Há muito tempo que não me divertia tanto ou me sentia tão feliz assim…
Depois do lanche apanhamos o comboio de volta.
Por mais estranho que pareça, gostei mais de viagem de volta do que a de ida. Não sei bem descrever como foi, mas em silêncio, senti um certo conforto ao lado dele. Sentia que não precisava de falar para passar o tempo. Tê-lo apenas ali era-me suficiente e senti que ele sentia o mesmo. Tinha a certeza.

À noite as minhas amigas convidaram-me para ir dar um passeio pela praia. Eu tentei recusar porque o tempo não estava muito bom para passear perto da praia, mas não resisti por muito tempo nem elas me largaram também.

Quando cheguei eu já nem me aguentava de pé. Tinha tanto sono que atirei-me para a cama e adormeci sem ter sequer tirado a roupa.
Um dia cansativo, verdade. Mas que valeu a pena, valeu!
Délio Melo quarta-feira, dezembro 12, 2007 | 0 comments |

terça-feira, dezembro 11, 2007

Três céus - IV

Ele:


Agora que o gelo tinha sido quebrado iria ser mais fácil falar com ela e conhece-la melhor. Sentia-me confiante – às vezes até pensava em romance... e essa ideia agradava-me bastante.
Embora a conhecesse só há uns dias, a imagem de andar de mão dada com uma rapariga assim tão bonita e a ideia de poder beija-la depressa... devagar... ou abraça-la quando me bem entendesse...
Era algo que tinha procurado até há bem pouco tempo mas que infelizmente não tinha chegado a ter.
Haja calma!

O que mais me custava com essas ideias era imaginar algo que tinha falhado. Mas o que realmente doía não era o facto de ter sido posto de lado, mas o facto de que o olhar dela não era o mesmo que ela dava sequer aos amigos. É como se nunca tivesse sido importante para ela. Eu tinha passado de tanta dedicação, atenção e amor a... mais um. Foi isso que me senti.
Mas chega de coisas tristes. Passado é passado e o futuro era risonho (com um sorriso daqueles que te prende o olhar!) – uma das coisas que mais bem lhe ficava.

Lembro-me destes dois dias como se tivesse sido ontem. Eles foram assim tão especiais para mim!

Das manhãs que passamos juntos na praia, pelos fins de tarde e noites em passeio, senti uma empatia por ela como nunca tinha sentido por ninguém. Podia dizer que a conhecia desde sempre porque para mim isso era verdade.
Lembro-me da intimidade que apareceu suavemente com cada palavra que trocávamos.
Eu sabia que havia mais para descobrir nela, mas nada seria de totalmente novo ou pelo menos que me deixaria surpreendido.
Sentia-me à vontade com ela para fazer qualquer coisa, até para fazer caretas que me deixavam bem feio e noutra situação, corado!

Não sei exactamente bem como é que as coisas chegaram assim tão depressa àquele ponto, mas também não me incomodava, pelo contrário. Só pedia para que não mudassem.
Será que ela sentiria algo como eu?

Ela:
Tinha adorado o passeio de ontem à noite.
Poder conversar à vontade com ele enquanto passeamos por entre ruas quase desertas foi algo de muito bom, mesmo.
Pode ser um local pequeno e pacato, mas é isso que realmente me agrada.
Por isso decidi ser eu a convida-lo para outro encontro.
Encontramo-nos novamente na praia, mas desta vez não passeamos muito. Ficamos num sítio que era quase como que uma varanda para a praia (ficava perto de uma residencial).
Acabamos por ficar aí o resto da noite a falar.
Ainda tive a sorte dele nos ir comprar gelados – o que só me ajudou a gostar mais dele.
Será que o que disse sem pensar estava mesmo a acontecer? Será que estava mesmo a apaixonar-me por ele? O sentimento de felicidade em mim parecia mostrar-me isso mesmo.
Então, enchi-me de confiança e deitei a cabeça no ombro dele.
Não vi a reacção dele porque fiquei demasiado envergonhada para a procurar. Mas como ele me deitou o braço por cima do ombro, acho que me preocupara sem razão.
Sentia-me tão bem ali e confortável que acho que adormeci sem dar conta.
Lembro-me que de repente abri os olhos e pus-me direita em menos de um segundo. Ouvi-o a rir. Reparou que eu estava já entre o dormir e o continuar acordada.
Estranhei o facto de ter estado tão à vontade para isso acontecer… ou será que estava apenas mais cansada do que pensava?
Délio Melo terça-feira, dezembro 11, 2007 | 0 comments |

segunda-feira, dezembro 10, 2007

Três céus - III

Ela:

O meu coração iria ser posto realmente à prova hoje. Iria algo em mim continuar a crescer ou será que se iria refrear? Ainda que levemente, sentia-me inclinada para um lado.

A manhã tinha começado como uma manhã típica de Verão: quente e carregada de boa disposição.
Levantei-me, vesti-me e fui para a praia. Ainda trinquei alguma coisa para não ir de barriga vazia, mas a fome iria aguardar para depois do banho.
Ao chegar à praia vi-o logo a esticar a toalha e a montar o guarda-sol em seguida.
Sorria... e por fora também!
Fui ter com ele para o cumprimentar. Como estava sozinha e ele também, perguntou-me se lhe fazia companhia. E como também estava sozinha, “claro que “sim”! – Exclamei com alegria.
Falamos durante a manhã inteira e pude ver que era um rapaz mesmo querido. Não exagerava na conversa, nem no modo como agia. Era calmo e ao mesmo tempo adorável de ver.
Ao olha-lo nos olhos senti que havia mais nele do que a sua maneira de ser mostrava. Não era algo de triste, pelo contrário, era algo de bom.
Era magrinho, branquinho, mas saía dele um olhar de carinho muito especial e que me agradava muito.

Ainda o convidei para, de tarde, vir para junto de mim e das minhas amigas, mas disse-me, um pouco timidamente, que ficava para outro dia, que ir-se-ia sentir “meio sem jeito” – nas suas palavras – entre elas.
Então, acabei por não estar com ele de tarde. Mas antes de ir embora ainda pude estar com ele quando o apanhei a ir para o banho.
Combinamos de nos encontrar de noite depois do jantar na entrada da praia para tomar um café ou passear.

Cheguei a casa cheia de vontade.
Tomei um longo banho para tirar a areia e o cheiro do mar e jantei uma grande janta.
Mas ainda faltava tanto tempo para as 21h... O tempo passava devagarinho e nem a televisão parecia ajudar a matar o tempo e a ansiedade.

Já só faltavam trinta minutos. Como não me apeteceu (leia-se aguentar) esperar mais sai e fui para a praia.
Ele chegou ainda não eram 21h.
Antes de irmos para o café fomos dar uma volta. Como ele não conhecia ainda bem a zona decidi fazer-lhe uma mini visita guiada.

O tempo estava muito agradável para passear, quase que não havia vento. Ainda era cedo e só os restaurantes estavam cheios de pessoas. Melhor assim, a atmosfera para nós ficava muito melhor com as ruas só para nós.
Délio Melo segunda-feira, dezembro 10, 2007 | 0 comments |

domingo, dezembro 09, 2007

Três céus - II

Ele:

Acordei cedo pela manhã já com os olhos no lugar de ontem.
Depois do pequeno-almoço pus-me a caminho e como esperava, o lugar lá estava à minha espera.
Àquela hora ainda a água do mar estava bem lá ao fundo.
Andei, andei e andei e só passado um bom bocado é que comecei a ter água pela cinta. Realmente, devia ter deixado o pequeno-almoço para quando chegasse à praia.
Foi só sol, calor e passeios pela praia naquela manhã. E quando chegou a meia hora, era tempo de me por a caminho.
Quando virei costas ao mar para começar a ir embora vi que ela estava mesmo por detrás de mim (acho que não chegava a cinco metros). Mas como é que eu não a vi antes?
Pensei se devia ficar mais um bocado… mas com as tralhas todas já na mão, ainda estar a montar tudo outra vez, das duas, uma: ou pensava que era tolinho, ou que ficava por ela.
Bem, ao menos pude vê-la outra vez. Pena não ter reparado antes, mas enfim…
Embora a sensação não fosse igual à da noite anterior, era boa na mesma. Ao olhar para ela até me fazia sentir diferente e ao mesmo tempo, uma certa familiaridade - algo que eu queria sentir outra vez.
E como olhou para mim pode ser que se tenha lembrado de mim. Também, não é que tenha passado tanto tempo assim desde ontem à noite.

Enquanto caminhava para casa pus-me a pensar: ela estava sozinha... Será que veio sozinho para a praia? Será que está cá sozinha como eu? Era bom.

À tarde fui um pouco mais cedo do que tinha planeado para ver se a via (queria eu lá saber se ficava no mesmo sítio), mas não a vi em lado nenhum. Nem quando passeava e espreitava para os lados a cheguei a ver.
Enfim, um pouco de desconsolo também nunca fez mal a ninguém.

A noite já tinha chegado e com ela o último dia de festa. E quem sabia, talvez o dia de ontem de repetisse.
Mas não parecia que isso iria acontecer, porque já começava a ficar tarde e as pessoas começavam a levar os filhos embora e ela ainda nada.
Eu não a queria ver muito, nem pouco, apenas queria vê-la… até que dobrei a última esquina a caminho de casa.
Assim do nada, quebrando um silêncio de passos, vozes e pessoas ela apareceu.
Bastou um segundo de frente a frente com ela para tudo começar.

Ela olhou para mim com aqueles olhos (absolutamente) lindos e de mim saiu um “olá”- nem pensei, saiu-me (abençoada vontade inconsciente porque foi por ela que começamos a falar).
Depois de um “olá”, veio o nome, onde morava, até vir a conversa de xaxa sobre o calor e o mar.
Nossa… que rapariga!
A maneira gentil como ela falava… podia-me ter pedido qualquer coisa que eu acho que fazia naquela altura. Ainda me consigo lembrar daquele olhar tão sentido que ela me dava.

Depois de ela se ir embora fui a sorrir o caminho todo que me faltava para casa… “espera eu não lhe perguntei se ela ia amanhã à praia!” – pensei.
Foi o meu amor-próprio que me impediu bater a mim próprio.



Ela:

Era outra manhã de sol.
O silêncio, os raios de sol no meu quarto e um sentimento de liberdade faziam-me sorrir com muita vontade… ou será que terá sido do sonho que tive? Quem sabe…hihihi
Por ter dormido um pouco mais – também quem resistia àquele ambiente perfeito? – acabei por ir para a praia um pouco mais tarde do que queria.

Acho que cheguei a meio da manhã mas mesmo assim a praia ainda estava meio vazia - ou será meia cheia?
Eu também não gosto de confusões. Prefiro mesmo um bocado de sossego de vez em quando. Então quando se pode gozar do som das ondas do mar a quebrar, do sol a reflectir na superfície do mar enquanto dás um passeio…
E foi a meio deste passeio que o vi a andar pela água.
Era tão branquinho… e fofinho? Devia ter alguma coisa de especial ao ponto de me deixar envergonhada ao ponto de hesitar em ir falar com ele!
Antes de sair da água ele olhou na minha direcção e foi ai que realmente senti algo em mim de diferente. Com o brilho todo por trás e em aquele passo lento ele mexeu comigo.
Ele acabou por seguir no passeio, não me deve sequer ter visto - caramba…

Passei a maior parte do dia a apanhar sol. O que eu não dou pelo sol a passar-me calor no corpo… ahh…
Com o ouvido encostado à areia tudo parecia mudar: os passos soavam mais pesados, até as vozes soavam um bocado diferente. Isto sempre foi para mim uma sensação de relaxamento muito boa. Por isso quando chegava a hora de ir embora ia sempre sem muita vontade.
Ao levantar-me reparei que ele estava mesmo à minha frente. Estava de cabeça na minha direcção a apanhar sol.
Enquanto arranjava as coisas para se ir embora, não deu para não ficar a vê-lo. Ao passar por mim acho que ficou admirado de me ver, pelo menos foi isso que eu vi na cara dele.
Eu também acabei por ir pouco depois. E à tarde quando pensava que iria vê-lo de novo, as minhas amigas tiveram a bela ideia de me levarem para outro sítio. E logo por causa de gajos!
De início o meu corpo estava com elas, mas a minha mente estava noutro local, à procura.
Quando isso passou acabei por me divertir com elas. Há já algum tempo que não estava com elas, e aliás, foi por elas que vim. Falamos, rimos (bem alto) e falamos mais um bocado.
Até que me soube muito bem estar de novo com elas, já tinha saudades das minhas compinchas!

Acabamos por ir todas jantar a casa da Tiaga com direito a jantar feito pela própria! Comi tanto naquela noite…mais parecia que tinha um buraco negro em vez de estômago!
E como é habitual quando raparigas se juntam, a conversa dura até às tantas e acaba mais tarde ou mais cedo por meter rapazes pelo meio – e aquele dia não tinha sido excepção!
Ainda que meio envergonhada acabei por falar num certo rapaz. Contei-lhes como o tinha conhecido/visto e que até estava um bocado interessada nele. Não foi preciso mais para que aquelas tolas, especialmente a Tiaga, começarem logo com “amor à primeira vista”! Ao menos deu para nos rirmos um bocado!

Por causa da conversa acabei por sair de lá um pouco tarde, por isso sai em passeio de corrida.
Ao dobrar a esquina ele apareceu-me mesmo à minha frente. Até senti algo a subir por mim acima. Não sei se foi do susto de ver alguém aparecer do nada ou se foi porque o tinha visto outra vez.
Ele foi o primeiro a dizer “olá”. Começamos a conversar e nem o cansaço de um dia tão animado, me fez sentir um bocadito com vontade de ir embora. Mas eu, burra, acabei por ser a primeira a despedir-me.
Um dia a minha vergonha vai-me dar chatices.

E lá fui eu, toda animada para casa.
Quando cheguei, estava tão cansada que acho que adormeci a meio caminho do salto que dei para a cama!
Délio Melo domingo, dezembro 09, 2007 | 0 comments |

sábado, dezembro 08, 2007

Três céus - I

Ele:

Devo ter chegado eram para ai quê... 10:30? Era cedo mas já com o calor a fazer-se sentir. Também não era para menos...era Verão!
Era uma localidade mesmo bonita: o branco cá em baixo combinava perfeitamente com um céu limpo e azul lá em cima.
Deveras, um lugar que transpirava acalmia e paz. E quanto mais caminhava, desde o comboio até à minha casa, melhor percebia isso.
Pareceu-me que tinha chegado ao local ideal para mim.

Mais ao fim do dia fui à praia.
O pôr-do-sol já começava a cair por detrás do oceano, poucas pessoas restavam na areia e mesmo essas pareciam cansadas de um dia quente.
Lá, dei com um sítio simplesmente “perfeito”. Já me imaginava lá amanhã de manhã junto daquele enorme rochedo – esperando estar só para estar à vontade.

Na minha primeira noite lá, deparei com uma festa enquanto dava o meu passeio.
Estava escondida entre os prédios, por isso só ouvia a música e via o reflexo das luzes verde e vermelho.
“... e porque não?!” – pensei.
As pequenas ruas entre os prédios estavam repletas de comerciantes, pessoas e fitas que quase nos raspavam na cabeça. Miúdos andavam de um lado para o outro na correria sem a mais pequena das preocupações. Era divertido de ver...
No meio daquela multidão apareceu-me um rosto... um rosto de uma rapariga.
Algo naquela cara me fez olhar mais e mais para ela - acho que até cheguei a parar no meio da rua a olhar. E do lado de lá veio um olhar de lado, um breve mas inspirador olhar, quase como se ela me conhecesse por dentro totalmente...
Mas logo alguém se pôs à frente, e ao irem embora, levaram o rosto daquela rapariga.
Bastaram três segundos para sentir falta de algo?!
Quando me preparava para adormecer, a luz da lua que entrava pela janela, que varria o chão até chegar aos meus olhos, iluminou-me a mente e o coração com uma pergunta e um outro desejo: “quem era ela?”; “quem me dera vê-la outra vez”.

Ela:

Este ano não me apetecia muito vir para aqui. Não tinha muita vontade de ir para a praia ou estar debaixo do calor. Ainda tinha a cabeça demasiado ocupada com um problema…
Ainda por cima tinha chegado no pico do calor: ao meio-dia!

Não fiz muito da parte da tarde, fui ter com as minhas amigas do costume e fomos à praia ver o pôr-do-sol na praia. Acabou por ser isto a tirar-me a tristeza… isso e as minhas amigas. Com elas não havia tristeza que durasse. Afinal sempre tinha mais sorte do que pensava….

Nessa mesma noite elas levaram-me para uma festa onde elas estavam a morar. Lembro-me que a minha primeira reacção foi pensar para mi próprio como é que num local tão pequeno havia muita gente a passear.
Mas o melhor era o riso dos pequenos. Não havia melhor coisa para mim do que vê-las a correr e a rir às gargalhadas. Faziam-me lembrar os meus tempos quando era criança e eu era assim.
E quando eu estava a olhar para elas vi pelo canto do olho um rapaz. Não sei o que ele tinha, mas a maneira como olhava para mim fazia-me sentir algo… especial, bom. Não fossem as minhas amigas a puxarem-me e acho que não deixava de olhar para ele.
Mesmo quando estava na janela do meu quarto, de pijama, a olhar cá para baixo a ver o resto da festa, confesso que quis continuar a olhar para ele.

Fui assim que adormeci, a pensar… com um sorriso.
Délio Melo sábado, dezembro 08, 2007 | 1 comments |