De Palavras e Sonhos

sábado, dezembro 15, 2007

Três céus - VIII

Ele:

Depois da praia combinamos ir ao cinema e jantar fora.
À falta de dinheiro e de locais baratos (sempre o dinheiro!) pensava já em comer num McDonald`s.
Combinamos às 19h junto da praia e depois púnhamo-nos a caminho.

Eram 19:15 e ela ainda não tinha chegado. Olhava de um lado para o outro mas nem sinais dela. “Será que devia ligar-lhe” – pensei. Mas também não queria parecer chato.
Passado uns minutos já a via ao longe. Vinha com uma t-shirt azul claro e de mini-saia branca com umas sapatilhas brancas a condizer.
Não sei se era porque a roupa combinava perfeitamente com ela, ou se era porque ela era mesmo atraente, só sei que ela estava linda de morrer - e vê-la a andar na minha direcção, com o vento a bater-lhe no cabelo e na roupa, parecia coisa de filme mesmo.
Não podia deixar passar este momento para lhe dizer que estava bonita – e não deixei!

Por acaso acabamos por jantar no McDonald`s.
Eu e ela comemos o meu preferido: Big Mac. Ah, como foi bom matar saudades!
O jantar foi muito bom. Falamos, rimos…até falamos sobre a Liliana e tudo o que aconteceu entre mim e ela. Acho que foi a primeira vez que falei sobre ela com alguém sem me magoar tanto ao relembrar o que aconteceu. Foi bom poder contar-lhe tudo o que me veio à cabeça e ter alguém que, mais do que me ouvir, me soubesse ouvir.
Ela era aquele tipo de pessoa que nós queremos sempre do nosso lado e se nós sentimos algo por essa pessoa, então ela só se torna mais especial para nós.

Depois do jantar fomos ao cinema ver um filmezito.
Até gostei do filme, pelo menos do que prestei atenção!
Quando as luzes se apagaram a única coisa que passava na minha cabeça era o facto de ela estar ao meu lado. “Será que devia falar com ela?” – pensava. Mas o meu coração batia cada vez mais e a minha coragem ficava cada vez mais pequena.
Ao olhar para ela aconteceu-me algo. Ela estava com um olhar tão fixo no ecrã que ficou com uma expressão facial tão bela que eu também fiquei a olhar para ela sem desviar os meus olhos. E foi ai que senti uma vontade sem vergonha de lhe dar a mão. E sem pensar duas vezes simplesmente pus a minha mão sobre a dela. A reacção veio depois: quando isso aconteceu parecia que o meu coração me ia saltar boca fora.
Ao ver a reacção dela fiquei com tanta vergonha que virei a cabeça na direcção do ecrã tão depressa quanto pude…
Mas ela não tirava a minha mão de cima dela… e embora estivesse bastante nervoso de início, começava a acalmar a pouco e pouco até que o sossego veio em forma de carinhos: ela deu-me a mão e começou-me a passar com o dedo na mão uma vez atrás da outra.
Então olhei para ela e ela sorria. As coisas estavam a corre bem!

Durante o resto do filme, e mesmo depois de ter acabado e termos saído, nunca largamos a mão um do outro.
Era um sentimento de felicidade ter alguém que me aceitasse, que não cabia em mim de contente.
Criado o ambiente, levei-a a casa.
E quando já me preparava para a tentar beijar, apesar do regressar galopante da ansiedade, apareceram as amigas dela.
Já não havia beijo de boa noite para ninguém, apenas um olhar íntimo e de felicidade entre nós. E para aquela noite, isso chegava-me perfeitamente. Eu sabia que se não fosse naquela noite, seria no dia a seguir, ou depois, porque agora, seria…

Sentir algo tão bom por alguém e saber que alguém sente o mesmo por nós é… muito bom, muito bom mesmo!
Ela:

A semana tinha começado bem.
Depois de um dia de praia bem quente, íamos jantar juntos e depois íamos ao cinema.
Por acaso sempre gostei de ir ao cinema… fosse para ver que filme fosse. Ver um filme naquele ecrã enorme e ser levada por aquela emoção era mesmo demais!
Por isso quando ele me convidou fiquei toda contente: estar com ele e ir ao cinema – coisa que ainda não tinha feito desde que cheguei. –, era tipo juntar o útil ao agradável!

Depois da praia lá fui para casa, tomei um longo banho e vesti uma roupa muito bonita. Ele já me tinha dito que me gostava de ver com roupas claras, por isso só vesti coisas claras!
Só esperava que ele gostasse!
A maior parte do tempo que estive em casa só sorria. Por dentro, por fora…tanta fazia. Estava tão tola que nem ouvi o telemóvel a tocar. Felizmente era uma amiga minha e não ele. Acho que se tivesse sido ele ficava logo toda preocupada.

Como de costume, combinamos na praia, que acabou por se tornar o nosso ponto de encontro!
Como marcamos de estar lá às 20h, fomos jantar primeiro e depois é que iríamos ao cinema.
Quando disse que íamos jantar fora não estava à espera do MacDonald`s. Não é que não gostasse, porque até simpatizava com o sítio…e às vezes até me sabia bem ir lá comer. Mas…não sei, soube-me a pouco. Estava à espera de algo mais romântico, acho eu.
Não quis insistir porque também não sabia se ele tinha dinheiro para ir comer num restaurante. E como daqui a uns minutos nem iria pensar mais nisso…
Para dizer a verdade, jantar pela primeira vez com ele até foi… bom.
Durante aquela hora falamos de muitas coisas. Falou-me de uma rapariga de quem tinha gostado (aqui já não estava a gostar muito da conversa) durante dois anos e meio e como nunca tinha dado em nada e de como passava mais tempo triste do que alegre quando estava com ela.
Nesse bocado da conversa houve algo no olhar dele que me magoou um bocado. Eu via nos olhos dele que, mesmo tendo já passado alguns anos, pelo que me contou, aquilo ainda lhe custava. Foi ai que a minha mente começou a imaginar demais e que comecei a perder aos bocados a vontade de falar, de sorrir. Fiquei a ouvi-lo mas sempre à espera que parasse – não queria que ele gostasse de mais ninguém…
Ainda falamos um bocado sobre ela, mas gradualmente a conversa foi mudando de tópico e com ela, o meu humor.

Com o jantar já para trás, fomos comprar os bilhetes e pipocas e seguimos para a sala.
Até que nem estava muita gente mas como os melhores lugares já estavam ocupados tivemos que ir para o canto esquerdo da sala.
Ainda que bom, a meio do filme deixei de lhe prestar atenção: tinha pousado a mão dele na minha!
Quando o senti a tocar na minha mão foi impossível não ficar super feliz.
Devo ter ficado vermelha de tanto o meu coração bater depressa. Bem, lembro-me de abrir bem os olhos e um sorriso (“As coisas estavam a mudar” – pensei em jeito de sentimento!)
Agarrei-lhe a mão e sorri-lhe mas ele ainda estava mais envergonhado do que eu, primeiro que ele me conseguisse olhar nos olhos direito… será que ele estava com medo que eu não gostasse? Até me r, enquanto olhava para baixo para que ele não percebesse!
Aquela cara dele há-de ficar comigo o resto da vida, de certeza!
E assim ficamos o resto do filme, a trocar carinhos na mão um do outro. A cara dele… hahahaha…

Quando o filme acabou, e fomos embora, nem sabia o que lhe havia de dizer. “lá dentro é que estava bem… Quieta!” – pensava enquanto continuávamos o passeio de volta.
Como um cavalheiro, acompanhou-me até casa, e só à minha porta é que começamos a falar melhor.
Ao sentir que estava prestes a ir embora quase paralisava de vergonha com a ideia de nos beijarmos. “Será que nos vamos beijar?” – pensava, com o coração já aos trambolhões.
Mas infelizmente para mim isso nunca chegou a acontecer porque as minhas amigas lembraram-se de aparecer do nada e mal me viram berraram logo por mim. Se eu reagi como ele, fiquei logo vermelha, de certeza! Ele ficou tão pouco à vontade…quer dizer, nós ficamos tão envergonhados que largamos logo a mão um do outro quase como que por susto, mas logo em seguida sorrirmos um para o outro.

Agora sim, sabia o que ele sentia por mim, e ele o que eu sentia por ele.Só de pensar como seria o dia de amanhã enchia-me de excitação e nervosismo. Até parecia que me ia dar qualquer coisa!
Délio Melo sábado, dezembro 15, 2007

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