De Palavras e Sonhos

quarta-feira, julho 18, 2007

No firmamento

No firmamento azul e branco do céu batiam aquelas asas, vezes e vezes sem conta, rompendo uma e outra vez com um passado – ganhando uma nova configuração para o futuro –, aprendiam a viver cada vez mais e melhor até que... por debaixo, furando o céu subia o símbolo da sua cada vez mais fatídica morte. E por fim ela veio, acabando outra vez com outro bater de asas e recriando aquele silêncio primordial - agora um silêncio corrompido.

Anos depois, o firmamento voltou a ser ocupado por asas estáticas, por vôos mais rápidos e acutilantes por entre as nuvens. Que destino aguardaria esta nova “ave”?
Voando rapidamente por entre virgens terras, como que envergonhadamente, atirava sobre as jovens e sábias mentes um intragável terror tão forte que mudaria a face da terra para sempre.

Com o azul e branco compurscados, que caminho restava ao Homem para chegar ao céu que tanto ansiava?
Foi com o primeiro olhar... com aqueles dois olhos cintilantes, a olhar em direcção ao céu, reflectindo-o, que a resposta mais simples e essencial surgiu: “o meu céu vive também dentro de mim.”
Então, todos os homens e mulheres que alguma vez se conheceram como humanos, decidiram que para subir ao céu teriam que se elevar num momento sem fim e captar para sí aquele céu que adoravam, aqueles sonhos que sonhavam.
Mas nem todos conseguiram dobrar tal cabo tormentoso. Uns caíram já sem força, enquanto que outros foram puxados por invejas e vontades que se queriam vender honestas.

Nem todos se safaram, ainda que todos pudessem.
Délio Melo quarta-feira, julho 18, 2007 | 1 comments |

sábado, julho 07, 2007

Como pode um colosso morrer?

Como pode um colosso morrer?

A felicidade não é reflexo de um Homem, mas de uma nação (humana). E é ai que começa a falsa percepção.
não adianta procura-la só para nós e fechá-la a sete chaves como se de uma coisa rara se tratasse (não fossem estes os nossos tempos).
Há ilusão maior do que esta? É como querer um oceano para um só Homem com sede. E os outros?

No dia em que pensares que já andaste muito vais olhar para trás e vais ver o início colado às tuas costas.
Não poderia haver mais sinais todos os dias do quão cegas e erradas estão as pessoas, seja por se deixarem guiar por prazeres, por falsas crenças ou pela ideia de que o mundo funciona bem sem a sua intervenção.
Mas não funciona.

O mundo partilha um único coração e lá dentro estamos todos, quer nos apercebamos disso quer não.
É verdade que não consigo sentir o mundo inteiro ao mesmo tempo e da mesma maneira. Nem é suposto. Quando ao meu olhar fugir uma pessoa era suposto estar lá alguém...
Mas não está.

Estranhamente as pessoas associaram amor, empatia e amizade com o espaço: quanto mais perto da vista, mais perto do coração; quanto mais longe da vista, mais longe do coração.
Meio mundo deixou de reconhecer o outro até que um vizinho passou a esquecer o outro, quase como se múltiplas realidades coexisitissem dentro de uma maior e assim o mundo de cada se revelava diferente com mais ou menos pessoas, com mais ou menos valor.
"Beber para esqueçer", ignorar para não lembrar (quando o sofrimento nos impele a fazer algo mas a tentação de ficar quieto nos vence).

Há colossos que morrem aos poucos, há outros que não aguentam tanto...
Délio Melo sábado, julho 07, 2007 | 1 comments |