De Palavras e Sonhos

"É preciso renascer, é preciso renascer... deixar ódios, violências; é preciso renascer..."

Não sei se foi recentemente que li ou ouvi isto, sei é que me ficou na memória. E para dizer a verdade, acho que até vinha a calhar - se fosse só "para dizer a verdade"...

Chega a manhã de mais um dia: os olhos abrem- se e sentes o mundo a aterrar em ti quando olhas à tua volta e já vês a poeira, levantada pelo impacto da queda do mundo, novamente no ar.
Os ponteiros do dia vão- se movendo, abrindo espaço para a queda da poeira... dando ao dia uma só côr.
Começas a estranhar o peso na cabeça, nos ombros e o ardor nos olhos, até que olhas para ti e te vês com cada vez mais sujidade. Depressa levas as mãos à cara para a limpares, mas com o constante cair de pó apenas a limpas, para ela, passados breves segundos, se voltar a sujar. Em seguida tentas com um suave sacudir aliviar o peso no cabeça e nos ombros mas por mais que tentes volta tudo ao mesmo.

O dia chegava ao fim, e frente ao espelho, ainda te perguntavas, ainda falavas contigo:
"Em que é que este dia foi diferente dos outros tantos que já passaram?
Já reparaste como já não és diferente do mundo? Pintados de uma só côr são agora um só... és apenas mais um.
O que foi que te fez perder a tua côr, aquela luz que brilhava em ti tão fortemente?
Tornaste- te eco deste mundo."
Vergas a cabeça... as tuas mãos começam a tremer ao mesmo tempo que o teu olhar se torna cada vez mais difuso.
A tua cara ficara coberta de caminhos para uma nova luz, aquela que já não vias desde aquele sorriso.
Quantos anos tinham passado?

...chegou a altura do merecido descanso e da recompensa.
Para sempre no coração dos portugueses e do mundo - de modos que nenhum destes secalhar algum dia compreenderão.

Adeus... e até breve!