De Palavras e Sonhos

quinta-feira, outubro 27, 2005

Nua e gelada

Voltaste-me a deixar pendurada…
Tinhas prometido que ias ser diferente.
Passei outra noite sozinha sem ninguém para me proteger do frio. Dá-me uma razão para não te fazer o mesmo quando ficares sozinho de noite?
Não, não vou negar que estás comigo enquanto o sol me aquece e que me fazes sentir bem, mas isso não chega. Como achas que me sinto quando o sol se vai e eu estico a mão para encontrar a tua e não a encontro em lado nenhum? COMO?
Não sabes responder como, pois não?
Eu estive sempre contigo, por isso não sentiste falta, e se calhar por isso também não alcançarás o alcance dos meus sentimentos.
Como é que eu me fui enganar tanto contigo… Não me ouviste chamar por ti vezes sem conta? Eu pus-me nua à tua frente a pensar que se me visses por dentro me amarias mais e rezava para que me sentisses como o teu sol.
Desprotegi-me, quebraste-me.

Não te quero mais.
Délio Melo quinta-feira, outubro 27, 2005 | 3 comments |

quarta-feira, outubro 19, 2005

De viagem!

Com as casas, árvores e pessoas a ficarem para trás, tudo o resto parece quieto, silencioso e solene, servindo de centro ao caminho da viagem.
É tão curioso – e ao mesmo tempo estranho – ver o efeito de umas coisas a passarem a alta velocidade enquanto outras parecem indiferentes, no seu canto, ao que as rodeia. É como se o mundo girasse à sua volta.

Já com o sol a meia haste, o horizonte ganha uma beleza única, digna de admirar.
Com os montes ao fundo a cobrirem este local, esta paisagem torna-se digna de ser guardado por todo o tempo que for possível.
Se os meus olhos fossem outros, poderia falar numa pequena caixinha, onde aquele belo ficava fechado entre quatro montes e o sol, que caía desde o meio dia, fechando aquele mundinho lindo e que infelizmente iria desaparecer em poucas horas.
Dava um belo quadro… e o meu lugar era o melhor: entre a natureza e o sol!
Délio Melo quarta-feira, outubro 19, 2005 | 0 comments |

quarta-feira, outubro 12, 2005

A olhar continuo

Sempre ouvi dizer que a noite é boa companheira…
Não demorou muito para que quando o sol se fosse, a noite revelasse um manto de luzes no horizonte da minha varanda.
O silêncio daquela imagem, aquelas luzes cintilantes… quem me dera poder ser grande o suficiente para me deitar nela.
Este paraíso, que a brecha entre os telhados à minha frente revelaram, bem que podia ser para sempre. Não dá para olhar uma vez e virar a cara, fazer de conta que aquela imagem não te seduz até ao fim de ti.
Por isso vou juntar esta noite com as outras de viagens à noite, quando viajava de noite e via pelo vidro do carro, lá ao fundo, mais luzes que algum dia poderia contar. Ou quando trovejava à noite e os relâmpagos iluminavam o banco de trás do carro.
Vou guardar o vosso brilho para as noites de Dezembro – elas hão-de me aquecer.
Até amanhã, enquanto me recolho na vossa memória.
Caramba… como vocês são bonitas…
Délio Melo quarta-feira, outubro 12, 2005 | 3 comments |

quinta-feira, outubro 06, 2005

Memórias

Memórias… uma câmara de ecos na mente, na alma; onde os sons habitam desde alfa a ómega.
Sons direccionais que te impedem de entrar num turbilhão de emoções – seria este dia diferente do de ontem ou até do de amanhã?
Deles sai uma melodia infinita, suave e ternurenta para aqueles que deram a mão à vida, ruidosa e pesada para quem quis viver na penumbra.
Ainda que ela se venha a fechar para ti, as suas portas estarão sempre abertas para aqueles cujas imagens lá habitam – Quando a tua imagem se apagar do quadro, será que os teus contornos ainda marcarão o espaço vazio?
Se souberes como, terás o ontem, o hoje e o amanhã na tua mão: com os pés no presente vais esticar os braços em ambas as direcções e sem nunca parar, tocarás todos pelo caminho.

As memórias não servem para magoar. Os actos magoam, as memórias apenas representam uma peça passada.
Délio Melo quinta-feira, outubro 06, 2005 | 1 comments |