De Palavras e Sonhos

sexta-feira, dezembro 14, 2007

Três céus - VII

Ele:

A primeira semana estava prestes a terminar.
Quando pensava em ir de férias nunca pensei que algo de tão bom me fosse acontecer – pelo menos tão depressa.
Logo no primeiro dia encontrei alguém que talvez fosse trazer mais felicidade ao meu mundo. Depois de um “quase namoro” que tinha durado dois anos e meio, não estava à espera de começar a sentir isto tão cedo.
Eu sei que outras pessoas ficariam com um pé atrás, mas eu não queria saber. Até ficava contente – ainda que não saiba ao certo o que ela sente. Essa parte sim é que me preocupava (se da parte dela não houver o mesmo sentimento).

Depois do que tinha acontecido no dia anterior, estar outra vez ao lado dela novamente, enchia-me de um sentimento um bocado estranho. Era uma mistura de alegria e de paz.

De manhã não fui à praia mas sim à missa. Não era por estar de férias que iria deixar a missa, quer dizer, a não ser que não houvesse igreja por aqueles lados.
Por acaso só me lembrei de a convidar uma hora antes da missa começar – que ela aceitou. Se tivesse demorado mais acho que teria mesmo que ir sozinho.
Quando chegamos lá ainda tive tempo para fazer um pequeno pedido!

O dia na praia estava a demorar mais do que o normal.
Já pouca gente estava na praia, muito menos na água. Por isso, nós dois lá na brincadeira, não fazíamos figura de tolos para muita gente! Se fosse antes, não fazia metade das coisas que tinha feito, mas agora, nem sequer pensava se os outros olhavam para o que fazia.
Eu só queria continuar a brincar com ela: a pegar nela e deixa-la cair na água, a atirar-lhe água - e fugir que nem um tolo, acabando por cair por falta de equilíbrio (lá se tinha ido a minha imagem).
Antes de irmos embora sentamo-nos frente a frente na toalha, esperando que o pouco sol nos secasse para não irmos embora a pingar.
Eu olhei para ela. O sol batia-lhe no rosto com uma luz especial. Só pode ter sido uma luz especial porque naquele momento algo em mim se mexeu. Acho que foi naquele momento que tive certeza que tinha começado a gostar dela.
Lembro-me de pensar que ela era a rapariga mais linda do mundo.

O sol já se começava a deitar, deixando o céu pintado de vermelho e laranja.
Estava um pôr-do-sol como eu nunca tinha visto… e reflectia nos olhos dela.


Ela:

Provavelmente por força do hábito de pensar em escola ao Domingo, nunca fui de sair ou ir à praia neste dia. Para mim, Domingo sempre foi dia de descanso e de ficar em casa, pelo menos a maior parte do tempo.
Hoje seria uma daquelas excepções!

Perto das 11h recebi uma chamada dele a perguntar-me se queria ir à missa com ele.
Por acaso nem me tinha lembrado disso desde que cheguei. Não que fosse sempre à missa, mas ainda ia algumas vezes, e até que gostava de ir.
Depois da tarde de ontem o que queria era vê-lo, e juntando o útil ao agradável… porque não?!
Não sei se foi por estar numa terra diferente por a igreja ser diferente, mas a missa pareceu-me diferente… mais alegre. Secalhar é por estar de férias…

À tarde fomos novamente à praia – mas desta vez só nós os dois. Pedi desculpa às minhas amigas, mas hoje queria estar com ele. Claro que tendo amigas como eu tenho, nem foi preciso pedir duas vezes. Até tive direito a uns sorrisos marotos e uma data de “boa sorte!” e “dá-lhe um beijinho!”.

Não estava muito calor até. Estava o suficiente para o meu corpo ficar quente. Até a água estava morna e calma.
Com a água assim, acabamos por passar a maior parte do tempo lá… na brincadeira!
Ele é mesmo engraçado e carinhoso. Até o pegar em mim e atirar-me para a água ele fazia com cuidado para não me magoar, não como alguns que vimos lá connosco.
Houve uma altura em que ao fugir de mim deu grande queda para trás - só me ria!
Simpática como eu sou, dei-lhe a mão e ajudei-o a levantar-se.
Quando lhe peguei na mão comecei a sentir algo na barriga, algo que aumentou quando ao levantar-se ficou a olhar para mim nos olhos.
Ficou pouco à minha frente quando se levantou.
Senti que sorria; senti que embaraçava…e senti pela primeira vez, com toda a certeza, que estava a gostar dele.
Foi uma sensação óptima e única.
Independentemente de quantos pessoas já tenha gostado, acho que nenhuma tinha mexido assim comigo, como ele mexeu. E quanto mais pensava nisso, mais parecia gostar dele.

Ficamos a ver o pôr-do-sol quase até ao fim, sentados lado a lado, quase na mesma toalha.
Tudo o que queria naquele momento era encostar-me a ele, sentir o meu braço a tocar o dele, já sem vergonhas e fazê-lo olhar para mim puxando-o levemente pelo queixo e depois…
Délio Melo sexta-feira, dezembro 14, 2007

0 Comments:

Add a comment