De Palavras e Sonhos

terça-feira, dezembro 11, 2007

Três céus - IV

Ele:


Agora que o gelo tinha sido quebrado iria ser mais fácil falar com ela e conhece-la melhor. Sentia-me confiante – às vezes até pensava em romance... e essa ideia agradava-me bastante.
Embora a conhecesse só há uns dias, a imagem de andar de mão dada com uma rapariga assim tão bonita e a ideia de poder beija-la depressa... devagar... ou abraça-la quando me bem entendesse...
Era algo que tinha procurado até há bem pouco tempo mas que infelizmente não tinha chegado a ter.
Haja calma!

O que mais me custava com essas ideias era imaginar algo que tinha falhado. Mas o que realmente doía não era o facto de ter sido posto de lado, mas o facto de que o olhar dela não era o mesmo que ela dava sequer aos amigos. É como se nunca tivesse sido importante para ela. Eu tinha passado de tanta dedicação, atenção e amor a... mais um. Foi isso que me senti.
Mas chega de coisas tristes. Passado é passado e o futuro era risonho (com um sorriso daqueles que te prende o olhar!) – uma das coisas que mais bem lhe ficava.

Lembro-me destes dois dias como se tivesse sido ontem. Eles foram assim tão especiais para mim!

Das manhãs que passamos juntos na praia, pelos fins de tarde e noites em passeio, senti uma empatia por ela como nunca tinha sentido por ninguém. Podia dizer que a conhecia desde sempre porque para mim isso era verdade.
Lembro-me da intimidade que apareceu suavemente com cada palavra que trocávamos.
Eu sabia que havia mais para descobrir nela, mas nada seria de totalmente novo ou pelo menos que me deixaria surpreendido.
Sentia-me à vontade com ela para fazer qualquer coisa, até para fazer caretas que me deixavam bem feio e noutra situação, corado!

Não sei exactamente bem como é que as coisas chegaram assim tão depressa àquele ponto, mas também não me incomodava, pelo contrário. Só pedia para que não mudassem.
Será que ela sentiria algo como eu?

Ela:
Tinha adorado o passeio de ontem à noite.
Poder conversar à vontade com ele enquanto passeamos por entre ruas quase desertas foi algo de muito bom, mesmo.
Pode ser um local pequeno e pacato, mas é isso que realmente me agrada.
Por isso decidi ser eu a convida-lo para outro encontro.
Encontramo-nos novamente na praia, mas desta vez não passeamos muito. Ficamos num sítio que era quase como que uma varanda para a praia (ficava perto de uma residencial).
Acabamos por ficar aí o resto da noite a falar.
Ainda tive a sorte dele nos ir comprar gelados – o que só me ajudou a gostar mais dele.
Será que o que disse sem pensar estava mesmo a acontecer? Será que estava mesmo a apaixonar-me por ele? O sentimento de felicidade em mim parecia mostrar-me isso mesmo.
Então, enchi-me de confiança e deitei a cabeça no ombro dele.
Não vi a reacção dele porque fiquei demasiado envergonhada para a procurar. Mas como ele me deitou o braço por cima do ombro, acho que me preocupara sem razão.
Sentia-me tão bem ali e confortável que acho que adormeci sem dar conta.
Lembro-me que de repente abri os olhos e pus-me direita em menos de um segundo. Ouvi-o a rir. Reparou que eu estava já entre o dormir e o continuar acordada.
Estranhei o facto de ter estado tão à vontade para isso acontecer… ou será que estava apenas mais cansada do que pensava?
Délio Melo terça-feira, dezembro 11, 2007

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