De Palavras e Sonhos

quarta-feira, maio 27, 2009

Os anos chegavam ao fim

Um homem caminhava. Caminhava por ruas, vales, montanhas e mares. De um sítio para o outro, de um continente para o outro, de um mundo para o outro e os anos passavam.
Os lugares outrora virgens tinham sido tocados por ele, um a um, até não haver mais nenhum que permanecesse imaculado.

Mais anos passaram e mais homens vieram – perfazendo os mesmos caminhos que o primeiro.
Mas sem mais para onde irem, decidiram parar e fazer a sua vida ali: ali onde sentiram ser a sua casa.
Em breve, o mundo viria a perder os contornos da sua juventude: aberto a tudo e a todos de braços abertos - com vontade.

Os anos chegavam ao fim.
Após sonos perdidos com vozes incessantes, barulhos que aprendeu a desgostar e feridas por sarar, o mundo ansiava pela paz que estava prestes a chegar – esse era o rumo que os homens tinham tomado para si.
E foi mesmo perto do fim, perto da sua última hora, que aqueles homens acordaram para si e perceberam que todo o sofrimento que tinham causado a si próprios, e por efeito, a tudo e todos ao seu redor não era algo de inevitável, mas era fruto de algo com que tinham nascido: liberdade.

Nesse dia o mundo descansou e acordou para um novo dia… um novo dia.
Délio Melo quarta-feira, maio 27, 2009

1 Comments:

Escrevi um texto parecido com este há uns meses. "O nosso fim".
Sou da mesma opinião, temos tanta liberdade que acabamos por tira-la aos outros seres, acabamos por tira-la ao nosso mundo. Acabamos por ficar sem ela.

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