quarta-feira, dezembro 21, 2005
Feliz aniversário!
Há uns anos para cá que as coisas, felizmente, me tem corrido melhor.
Se havia dia que me custava antigamente, era o dia de hoje. É verdade que também estava só nos outros trezentos e sessenta e tal dias, mas hoje era especial, e aquilo a que não tinha dado valor antes, agora fazia-me falta.
É estranho como as coisas funcionam. Durante o tempo que as temos não lhes damos valor, mas quando já estão mesmo fora do nosso alcance, ai é que a distância magoa. Mesmo depois de ter ouvido tantas vezes isto, nunca compreendi realmente.
Nestes últimos dois anos tive a sorte de ter alguém que se importava de meu lado – nem que fosse só por este dia.
E durante esse período tive tempo suficiente para perceber o quanto tinha errado em deixar para trás certas coisas.
Eu cresci a esperar todos os anos por este dia. E enquanto estávamos à mesa, os meus pais contavam-me, todos os anos, como tinha nascido e todos os anos, adorava ouvir a história.
Depois, com o passar dos anos, já só me interessava pelo que iria receber, e estar com a família era coisa que já não me interessava lá muito. Por isso, quando me mudei comecei a deixar este dia passar como os outros – sem familiares e sem pais. Estava bem sozinho e não me dava grande vontade de estar a sair para ir a algum lado, quanto mais receber gente.
Apesar dos meus pais tentarem sempre fazer as coisas em família, eu acabava por me cortar sempre – não estava para isso.
Afastei-me tanto que quando dei conta estava sozinho…na rua, e a minha única companhia era uns jornais e um velho cobertor.
Quis tanto resolver as coisas por mim próprio que nem me apercebi que poderia contar com aqueles que sempre me chamaram para junto deles.
O mais estranho é que, lá, em vez de ser eu a afastar-me das pessoas, eram elas que se afastavam de mim. E foi ai que comecei a querer falar novamente com as pessoas – uma palavra que fosse, qualquer uma, eu só queria era a minha vida de volta.
Mas era tarde demais. As pessoas olhavam para mim – as que olhavam, porque a maior parte fazia de conta que nem me viam – e continuavam a andar.
Todos os anos lembrava-me deste dia e de quando era miúdo: abria os presentes e ia a correr mostra-los aos meus pais para brincarem comigo.
Mas enquanto a nostalgia ficava por ai…menos mal, mas com essas memórias vinham também aquelas todas onde tudo o que me importava eram as minhas prendas, aquelas onde não dava valor a quem mas tinha dado e a todos os que estavam à minha volta e me queriam com elas para celebrar este dia…aquelas onde fui estúpido.
Quando há dois anos me deram uma sopa – foi uma jovem voluntária – até parecia que tinha voltado a ser criança. Estava tão alegre que só me apetecia abraça-la. Há muito tempo que nunca ninguém me tratava tão bem, até me sentia gente.
Ter a atenção das pessoas era tão raro, que no ano a seguir eu já estava à espera dela para outra sopa.
E por acaso, no ano a seguir, até foi ela que veio outra vez. Lembrava-se de mim ainda!
Primeiro desejou-me felicidades, deu-me a sopa e perguntou-me se não tinha ninguém que me pudesse ajudar.
Se fosse um dos que estava ao meu lado até era capaz de levar a mal, mas a mim fez-me perceber que realmente ainda tinha alguém e que se arranjasse coragem para pedir desculpas, talvez… Até podiam não me acolher de volta, mas pelo menos ficariam a saber que eu ainda os amava, e ao menos assim ficava mais descansado.
O problema estava em arranjar coragem para isso. Com que lata é que eu, depois de tudo, tinha direito a pedir desculpa?
Mas consegui, e graças a Deus, aceitarem-me de volta.
Depois de pedir tanto a Deus para me perdoar e para a minha família me perdoar, Ele deu-me uma segunda hipótese – e esta, eu não vou desperdiçar.
Também peço para não me esquecer do que aconteceu. Assim, saberei o que custa não dar valor à família. Eu sei o que é querer ouvir palavras, sorrisos e não os poder ter, enquanto via na rua todos de braço dado, com as crianças no colo…
Por isso agradeço a Deus estar aqui junto de vós neste dia de Natal e celebrar em família, o nascimento de uma pessoa muito importante para nós: Cristo.
Porque no fundo, o Natal é Jesus e Ele é a minha família.
Depois de tudo o que Ele fez por mim, o mínimo que posso fazer é celebrar este dia pelo que ele é: em família, celebrar o Seu nascimento.
Feliz 2005 anos!!!
Se havia dia que me custava antigamente, era o dia de hoje. É verdade que também estava só nos outros trezentos e sessenta e tal dias, mas hoje era especial, e aquilo a que não tinha dado valor antes, agora fazia-me falta.
É estranho como as coisas funcionam. Durante o tempo que as temos não lhes damos valor, mas quando já estão mesmo fora do nosso alcance, ai é que a distância magoa. Mesmo depois de ter ouvido tantas vezes isto, nunca compreendi realmente.
Nestes últimos dois anos tive a sorte de ter alguém que se importava de meu lado – nem que fosse só por este dia.
E durante esse período tive tempo suficiente para perceber o quanto tinha errado em deixar para trás certas coisas.
Eu cresci a esperar todos os anos por este dia. E enquanto estávamos à mesa, os meus pais contavam-me, todos os anos, como tinha nascido e todos os anos, adorava ouvir a história.
Depois, com o passar dos anos, já só me interessava pelo que iria receber, e estar com a família era coisa que já não me interessava lá muito. Por isso, quando me mudei comecei a deixar este dia passar como os outros – sem familiares e sem pais. Estava bem sozinho e não me dava grande vontade de estar a sair para ir a algum lado, quanto mais receber gente.
Apesar dos meus pais tentarem sempre fazer as coisas em família, eu acabava por me cortar sempre – não estava para isso.
Afastei-me tanto que quando dei conta estava sozinho…na rua, e a minha única companhia era uns jornais e um velho cobertor.
Quis tanto resolver as coisas por mim próprio que nem me apercebi que poderia contar com aqueles que sempre me chamaram para junto deles.
O mais estranho é que, lá, em vez de ser eu a afastar-me das pessoas, eram elas que se afastavam de mim. E foi ai que comecei a querer falar novamente com as pessoas – uma palavra que fosse, qualquer uma, eu só queria era a minha vida de volta.
Mas era tarde demais. As pessoas olhavam para mim – as que olhavam, porque a maior parte fazia de conta que nem me viam – e continuavam a andar.
Todos os anos lembrava-me deste dia e de quando era miúdo: abria os presentes e ia a correr mostra-los aos meus pais para brincarem comigo.
Mas enquanto a nostalgia ficava por ai…menos mal, mas com essas memórias vinham também aquelas todas onde tudo o que me importava eram as minhas prendas, aquelas onde não dava valor a quem mas tinha dado e a todos os que estavam à minha volta e me queriam com elas para celebrar este dia…aquelas onde fui estúpido.
Quando há dois anos me deram uma sopa – foi uma jovem voluntária – até parecia que tinha voltado a ser criança. Estava tão alegre que só me apetecia abraça-la. Há muito tempo que nunca ninguém me tratava tão bem, até me sentia gente.
Ter a atenção das pessoas era tão raro, que no ano a seguir eu já estava à espera dela para outra sopa.
E por acaso, no ano a seguir, até foi ela que veio outra vez. Lembrava-se de mim ainda!
Primeiro desejou-me felicidades, deu-me a sopa e perguntou-me se não tinha ninguém que me pudesse ajudar.
Se fosse um dos que estava ao meu lado até era capaz de levar a mal, mas a mim fez-me perceber que realmente ainda tinha alguém e que se arranjasse coragem para pedir desculpas, talvez… Até podiam não me acolher de volta, mas pelo menos ficariam a saber que eu ainda os amava, e ao menos assim ficava mais descansado.
O problema estava em arranjar coragem para isso. Com que lata é que eu, depois de tudo, tinha direito a pedir desculpa?
Mas consegui, e graças a Deus, aceitarem-me de volta.
Depois de pedir tanto a Deus para me perdoar e para a minha família me perdoar, Ele deu-me uma segunda hipótese – e esta, eu não vou desperdiçar.
Também peço para não me esquecer do que aconteceu. Assim, saberei o que custa não dar valor à família. Eu sei o que é querer ouvir palavras, sorrisos e não os poder ter, enquanto via na rua todos de braço dado, com as crianças no colo…
Por isso agradeço a Deus estar aqui junto de vós neste dia de Natal e celebrar em família, o nascimento de uma pessoa muito importante para nós: Cristo.
Porque no fundo, o Natal é Jesus e Ele é a minha família.
Depois de tudo o que Ele fez por mim, o mínimo que posso fazer é celebrar este dia pelo que ele é: em família, celebrar o Seu nascimento.
Feliz 2005 anos!!!
Délio Melo quarta-feira, dezembro 21, 2005